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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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136 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

o espaço como um foguete para ir revelar o objeto exterior<br />

no seu lugar. Embora veja ou toque o mundo, meu corpo não<br />

pode no entanto ser visto ou tocado. O que o impede de ser<br />

alguma vez objeto, de estar alguma vez "completamente constituído"<br />

1 , é o fato de ele ser aquilo por que existem objetos.<br />

Ele não é nem tangível nem visível na medi<strong>da</strong> em que é aquilo<br />

que vê e aquilo que toca. Portanto, o corpo não é qualquer<br />

um dos objetos exteriores, que apenas apresentaria esta particulari<strong>da</strong>de<br />

de estar sempre aqui. Se ele é permanente, tratase<br />

de uma permanência absoluta que serve de fundo à permanência<br />

relativa dos objetos que podem entrar em eclipse,<br />

dos ver<strong>da</strong>deiros objetos. A presença e a ausência dos objetos<br />

exteriores são apenas variações no interior de um campo de<br />

presença primordial, de um domínio perceptivo sobre os quais<br />

meu corpo tem potência. Não apenas a permanência de meu<br />

corpo não é um caso particular <strong>da</strong> permanência no mundo<br />

dos objetos exteriores, como ain<strong>da</strong> a segun<strong>da</strong> só se compreende<br />

pela primeira; não apenas a perspectiva de meu corpo não<br />

é um caso particular <strong>da</strong>quela dos objetos, como também a<br />

apresentação perspectiva dos objetos só se compreende pela<br />

resistência de meu corpo a qualquer variação de perspectiva.<br />

Se é preciso que os objetos me mostrem sempre somente uma<br />

de suas faces, é porque eu mesmo estou em um certo lugar<br />

de onde as vejo e que não posso ver. Se to<strong>da</strong>via creio em seus<br />

lados escondidos como também em um mundo que os envolve<br />

a todos e que coexiste com eles, é enquanto meu corpo,<br />

sempre presente para mim e entretanto envolvido no meio<br />

deles por tantas relações objetivas, os mantém em coexistência<br />

com ele e faz bater em todos a pulsação de sua duração.<br />

Assim, a permanência do corpo próprio, se a psicologia clássica<br />

a tivesse analisado, podia conduzi-la ao corpo não mais<br />

como objeto do mundo, mas como meio de nossa comunicação<br />

com ele, ao mundo não mais como soma de objetos determinados,<br />

mas como horizonte latente de nossa experiên-

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