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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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148 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

ce algo de opaco, de acidental e de ininteligível. Por esse caminho,<br />

a única solução seria admitir que a espaciali<strong>da</strong>de do<br />

corpo não tem nenhum sentido próprio e distinto <strong>da</strong> espaciali<strong>da</strong>de<br />

objetiva, o que faria desaparecer o conteúdo enquanto<br />

fenômeno e, através disso, o problema de sua relação com<br />

a forma. Mas podemos fingir não encontrar nenhum sentido<br />

distinto para as expressões "sobre", "sob", "ao lado de...",<br />

para as dimensões do espaço orientado? Mesmo se a análise<br />

reencontra, em to<strong>da</strong>s essas relações, a relação universal de<br />

exteriori<strong>da</strong>de, a evidência do alto e do baixo, <strong>da</strong> direita e <strong>da</strong><br />

esquer<strong>da</strong> para aquele que habita o espaço impede-nos de tratar<br />

to<strong>da</strong>s essas distinções como não-senso, e convi<strong>da</strong>-nos a procurar<br />

sob o sentido explícito <strong>da</strong>s definições o sentido latente<br />

<strong>da</strong>s experiências. As relações entre os dois espaços seriam agora<br />

as seguintes: a partir do momento em que quero tematizar<br />

o espaço corporal ou desenvolver seu sentido, só encontro<br />

nele o espaço inteligível. Mas, ao mesmo tempo, esse espaço<br />

inteligível não está liberto do espaço orientado, ele é justamente<br />

a sua explicitação e, destacado desta raiz, ele não<br />

tem absolutamente sentido algum, de modo que o espaço homogêneo<br />

só pode exprimir o sentido do espaço orientado porque<br />

o recebeu dele. Se o conteúdo pode ver<strong>da</strong>deiramente ser<br />

subsumido sob a forma e aparecer como conteúdo desta forma,<br />

é porque a forma só é acessível através dele. O espaço<br />

corporal só pode tornar-se ver<strong>da</strong>deiramente um fragmento do<br />

espaço objetivo se, em sua singulari<strong>da</strong>de de espaço corporal,<br />

ele contém o fermento dialético que o transformará em espaço<br />

universal. Foi isso que tentamos exprimir dizendo que a<br />

estrutura ponto-horizonte é o fun<strong>da</strong>mento do espaço. O horizonte<br />

ou o fundo não se estenderiam para além <strong>da</strong> figura<br />

ou para as cercanias se não pertencessem ao mesmo gênero<br />

de ser que ela, e se não pudessem ser convertidos em pontos<br />

por um movimento do olhar. Mas a estrutura ponto-horizonte<br />

só pode ensinar-me o que é um ponto dispondo diante dele

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