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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O CORPO 159<br />

mento, ele agita seu corpo até que o movimento apareça. A<br />

ordem que lhe foi <strong>da</strong><strong>da</strong> não é desprovi<strong>da</strong> de sentido para ele,<br />

pois ele sabe reconhecer o que há de imperfeito em seus primeiros<br />

esboços e, se o acaso <strong>da</strong> gesticulação traz o movimento<br />

pedido, ele também sabe reconhecê-lo e usar prontamente<br />

essa oportuni<strong>da</strong>de. Mas, se a ordem tem para ele uma significação<br />

intelectual, ela não tem significação motora, não é expressiva<br />

para ele enquanto sujeito motor; ele pode encontrar no<br />

traçado de um movimento efetuado a ilustração <strong>da</strong> ordem <strong>da</strong><strong>da</strong>,<br />

mas nunca pode desdobrar o pensamento de um movimento<br />

em movimento efetivo. O que lhe falta não é nem a<br />

motrici<strong>da</strong>de nem o pensamento, e somos convi<strong>da</strong>dos a reconhecer,<br />

entre o movimento enquanto processo em terceira pessoa<br />

e o pensamento enquanto representação do movimento,<br />

uma antecipação ou uma apreensão do resultado assegura<strong>da</strong><br />

pelo próprio corpo enquanto potência motora, um "projeto<br />

motor" (Bewegungsentwurf), uma "intencionali<strong>da</strong>de motora"<br />

sem os quais a ordem permanece letra morta. Ora o doente<br />

pensa a fórmula ideal do movimento, ora ele lança seu corpo<br />

em tentativas cegas; no normal, ao contrário, todo movimento<br />

é indissoluvelmente movimento e consciência de movimento,<br />

o que se pode também exprimir dizendo que no normal<br />

todo movimento tem um fundo, e que o movimento e seu fundo<br />

são "momentos de uma totali<strong>da</strong>de única" 27 . O fundo do<br />

movimento não é uma representação associa<strong>da</strong> ou liga<strong>da</strong> exteriormente<br />

ao próprio movimento, ele é imanente ao movimento,<br />

ele o anima e o mantém a ca<strong>da</strong> momento; a iniciação<br />

cinética é para o sujeito uma maneira original de referir-se<br />

a um objeto, assim como a percepção. Através disso se esclarece<br />

a distinção entre movimento abstrato e movimento concreto:<br />

o fundo do movimento concreto é o mundo <strong>da</strong>do, o<br />

fundo do movimento abstrato, ao contrário, é construído.<br />

Quando faço sinal para um amigo se aproximar, minha intenção<br />

não é um pensamento que eu prepararia em mim mes-

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