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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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330 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

de um esforço consciente, em segui<strong>da</strong> (sétimo dia) sem nenhum<br />

esforço. No sétimo dia, a localização dos sons é correta<br />

se o objeto sonoro é visto ao mesmo tempo em que é ouvido.<br />

Ela permanece incerta, com dupla representação, ou mesmo<br />

incorreta, se o objeto sonoro não aparece ho campo visual.<br />

No final <strong>da</strong> experiência, quando se retiram os óculos,<br />

os objetos parecem sem dúvi<strong>da</strong> não invertidos, mas "bizarros",<br />

e as reações motoras estão inverti<strong>da</strong>s: o paciente estende<br />

a mão direita quando seria preciso estender a esquer<strong>da</strong>.<br />

Primeiramente o psicólogo é tentado a dizer 4 que, depois <strong>da</strong><br />

colocação dos óculos, o mundo visual é <strong>da</strong>do ao sujeito^exatamente<br />

como se tivesse girado a 180° e, conseqüentemente, está<br />

invertido para ele. Assim como as ilustrações de um livro<br />

nos parecem às avessas se por diversão o puseram "de cabeça<br />

para baixo" enquanto olhávamos para outro lado, a massa<br />

de sensações que constituem o panorama foi revira<strong>da</strong>, também<br />

ela posta de "cabeça para baixo". Durante esse período,<br />

essa outra massa de sensações que é o mundo tátil permaneceu<br />

"direita"; ela não pode mais coincidir com o mundo<br />

visual e, particularmente, o sujeito tem duas representações<br />

inconciliáveis de seu corpo, uma que lhe é <strong>da</strong><strong>da</strong> por suas sensações<br />

táteis e pelas "imagens visuais" que ele pôde conservar<br />

do período anterior à experiência, a outra sendo a <strong>da</strong> visão<br />

presente, que lhe mostra seu corpo "de pernas para o ar".<br />

Este conflito de imagens só pode terminar se uma <strong>da</strong>s duas<br />

antagonistas desaparece. Saber como uma situação normal<br />

se restabelece redun<strong>da</strong> então em saber como a nova imagem<br />

do mundo e do corpo próprio pode "empalidecer" 5 ou "deslocar"<br />

6 a outra. Observa-se que ela o consegue tanto melhor<br />

quanto mais ativo é o sujeito e, por exemplo, a partir do segundo<br />

dia, quando ele lava as mãos 7 . Seria então a experiência<br />

do movimento controlado pela visão que ensinaria o sujeito<br />

a harmonizar os <strong>da</strong>dos visuais e os <strong>da</strong>dos táteis: ele perceberia,<br />

por exemplo, que o movimento necessário para ai-

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