12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O SER-PARA-SI E O SER-NO-MUNDO 577<br />

um objeto qualquer, será preciso dizer dele aquilo que dissemos<br />

dos outros objetos: que ele só tem sentido para nós porque<br />

nós "o somos". Nós só podemos colocar algo sob esta<br />

palavra porque estamos no passado, no presente e no porvir.<br />

Literalmente, ele é o sentido de nossa vi<strong>da</strong> e, assim como o<br />

mundo, só é acessível àquele que está situado nele e esposa<br />

sua direção. Mas a análise do tempo não era apenas uma ocasião<br />

de repetir aquilo que tínhamos dito a propósito do mundo.<br />

Ela ilumina as análises precedentes porque faz o sujeito<br />

e o objeto aparecerem como dois momentos abstratos de uma<br />

estrutura única que é a. presença. É pelo tempo que pensamos<br />

o ser, porque é pelas relações entre o tempo sujeito e o tempo<br />

objeto que podemos compreender as relações entre o sujeito<br />

e o mundo. Apliquemos a idéia <strong>da</strong> subjetivi<strong>da</strong>de como temporali<strong>da</strong>de<br />

aos problemas pelos quais começamos. Nós nos,<br />

perguntávamos, por exemplo, como compreender as relações<br />

entre a alma e o corpo, e era uma tentativa sem esperança<br />

ligar o para si a um certo objeto em si do "qual ele deveria<br />

sofrer a operação causai. Mas se o para si, a revelação de si<br />

a si, não é senão o vazio no qual o tempo se faz, e se o mundo<br />

"em si" não é senão o horizonte de meu presente, então<br />

o problema redun<strong>da</strong> em saber como um ser que é por vir e<br />

passado também tem um presente — quer dizer, o problema<br />

se suprime, já que o porvir, o passado e o presente estão ligados<br />

no movimento de temporalização. É-me tão essencial ter<br />

um corpo quanto é essencial ao porvir ser porvir de um certo<br />

presente, de forma que a tematização científica e o pensamento<br />

objetivo não poderão encontrar uma só função corporal<br />

que seja rigorosamente independente <strong>da</strong>s estruturas <strong>da</strong><br />

existência 28 , e reciprocamente um só ato "espiritual" que<br />

não repouse em uma infra-estrutura corporal. Mais: não me<br />

é essencial apenas ter um corpo, mas até mesmo ter este corpoaqui.<br />

Não é apenas a noção do corpo que, através <strong>da</strong> noção<br />

do presente, é necessariamente liga<strong>da</strong> à noção do para si, mas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!