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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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172 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

não é desencadeado por nenhum objeto existente, ele é visivelmente<br />

centrífugo, desenha no espaço uma intenção gratuita<br />

que se dirige ao corpo próprio e o constitui como objeto<br />

em vez de atravessá-lo para, através dele, ir ao encontro <strong>da</strong>s<br />

coisas. Portanto, ele é habitado por uma potência de objetivação,<br />

por uma "função simbólica" 52 , uma "função representativa"<br />

53 , uma potência de "projeção" 54 que aliás já opera<br />

na constituição <strong>da</strong>s "coisas" e que consiste em tratar os<br />

<strong>da</strong>dos sensíveis como representativos uns dos outros e como<br />

representativos, todos em conjunto, de um "eidos", que consiste<br />

em <strong>da</strong>r-lhes um sentido, em animá-los interiormente,<br />

em ordená-los em sistema, em centrar uma plurali<strong>da</strong>de de<br />

experiências em um mesmo núcleo inteligível, em fazer aparecer<br />

nelas uma uni<strong>da</strong>de identificável sob diferentes perspectivas;<br />

em suma, em dispor atrás do fluxo <strong>da</strong>s impressões um<br />

invariante fixo que dê razão dele, e em ordenar a matéria <strong>da</strong><br />

experiência. Ora, não se pode dizer que a consciência tem esse<br />

poder; ela é esse próprio poder. A partir do momento em<br />

que há consciência, e para que haja consciência, é preciso que<br />

exista um algo do qual ela seja consciência, um objeto intencional,<br />

e ela só pode dirigir-se a este objeto enquanto se "irrealiza"<br />

e se lança nele, enquanto está inteira nesta referência<br />

a... algo, enquanto é um puro ato de significação. Se um<br />

ser é consciência, é preciso que ele seja apenas um tecido de<br />

intenções. Se ele deixa de se definir pelo ato de significar, ele<br />

volta a cair na condição de coisa, a coisa sendo justamente<br />

aquilo que não conhece, aquilo que repousa em uma ignorância<br />

absoluta de si e do mundo, aquilo que por conseguinte<br />

não é um "si" ver<strong>da</strong>deiro, quer dizer, um "para si", e<br />

só tem a individuação espaço-temporal, a existência em si 55 .<br />

Portanto, a consciência não comportará o mais e o menos.<br />

Se o doente não existe mais como consciência, é preciso que<br />

ele exista como coisa. Ou o movimento é movimento para<br />

si, e agora o "estímulo" não é sua causa mas seu objeto in-

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