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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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594 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

do mesmo erro, duas maneiras de ignorar os fenômenos. O<br />

pensamento objetivo deduz a consciência de classe <strong>da</strong> condição<br />

objetiva do proletariado. A reflexão idealista reduz a condição<br />

proletária à consciência que dela toma o proletário. O<br />

primeiro extrai a consciência de classe <strong>da</strong> classe defini<strong>da</strong> por<br />

caracteres objetivos, a segun<strong>da</strong>, ao contrário, reduz o "ser<br />

operário" à consciência de ser operário. Nos dois casos se está<br />

na abstração, porque se permanece na alternativa entre o<br />

em si e o para si. Se retomamos a questão com a preocupação<br />

de descobrir, não as causas <strong>da</strong> toma<strong>da</strong> de consciência,<br />

pois não há causa que possa agir do exterior sobre uma consciência<br />

— não suas condições de possibili<strong>da</strong>de, pois precisamos<br />

<strong>da</strong>s condições que a tornem efetiva —, mas a própria<br />

consciência de classe, se praticamos enfim um método ver<strong>da</strong>deiramente<br />

existencial, o que encontramos? Não tenho<br />

consciência de ser operário ou burguês porque, de fato, vendo<br />

meu trabalho ou porque de fato sou solidário ao aparelho<br />

capitalista, e também não me torno operário ou burguês no<br />

dia em que me decido a ver a história na perspectiva <strong>da</strong> luta<br />

de classes: mas em primeiro lugar "eu existo operário" ou<br />

"existo burguês", e é este modo de comunicação com o mundo<br />

e com a socie<strong>da</strong>de que motiva ao mesmo tempo meus projetos<br />

revolucionários ou conservadores e meus juízos explícitos:<br />

"sou um operário" ou "sou um burguês", sem que se<br />

possam deduzir os primeiros dos segundos, nem os segundos<br />

dos primeiros. Não é a economia ou a socie<strong>da</strong>de considera<strong>da</strong>s<br />

como sistema de forças impessoais que me qualificam como<br />

proletário, é a socie<strong>da</strong>de ou a economia tais como eu as<br />

trago em mim, tais como eu as vivo — e também não é uma<br />

operação intelectual sem motivo, é minha maneira de ser no<br />

mundo neste quadro institucional. Tenho um certo estilo de<br />

vi<strong>da</strong>, estou à mercê do desemprego e <strong>da</strong> prosperi<strong>da</strong>de, não<br />

posso dispor de minha vi<strong>da</strong>, sou pago semanalmente, não controlo<br />

nem as condições, nem os produtos de meu trabalho,

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