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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O SER-PARA-SI E O SER-NO-MUNDO 563<br />

que a individuali<strong>da</strong>de dos momentos desapareça? E porque<br />

a desintegração desfaz aquilo que a passagem do futuro ao<br />

presente tinha feito: C está ao termo de uma longa concentração<br />

que o conduziu à maturi<strong>da</strong>de; à medi<strong>da</strong> que se preparava,<br />

ele se assinalava por Abschattungen sempre menos numerosos,<br />

ele se aproximava em pessoa. Quando chegou ao presente,<br />

ele trazia para ali a sua gênese, <strong>da</strong> qual ele era apenas<br />

o limite, e a presença próxima <strong>da</strong>quilo que devia vir depois<br />

dele. Dessa forma, quando esta se realiza e o impele para o<br />

passado, ela não o priva bruscamente do ser, e sua desintegração<br />

é para sempre o avesso ou a conseqüência de sua maturação.<br />

Em suma, como no tempo ser e passar são sinônimos,<br />

tornando-se passado o acontecimento não deixa de ser.<br />

A origem do tempo objetivo, com suas localizações fixas sob<br />

nosso olhar, não deve ser procura<strong>da</strong> em uma síntese eterna,<br />

mas no acordo e na recuperação do passado e do porvir através<br />

do presente, na própria passagem do tempo. O tempo conserva<br />

aquilo que fez ser no próprio momento em que o expulsa<br />

do ser, porque o novo ser era anunciado pelo precedente<br />

como devendo ser e porque para este era a mesma coisa<br />

tornar-se presente e ser destinado a passar. "A temporalização<br />

não é uma sucessão (Nacheinander) de êxtases. O porvir<br />

não é posterior ao passado e este não é anterior ao presente.<br />

A temporali<strong>da</strong>de se temporaliza como porvir-que-vai-parao-passado-vindo-para-o-presente."<br />

8 Bergson estava errado<br />

em explicar a uni<strong>da</strong>de do tempo por sua continui<strong>da</strong>de, pois<br />

isso significa confundir passado, presente e porvir sob o pretexto<br />

de que se caminha de um para o outro por transições<br />

insensíveis, e enfim significa negar o tempo. Mas ele tinha<br />

razão em apegar-se à continui<strong>da</strong>de do tempo como a um fenômeno<br />

essencial. E preciso apenas elucidá-lo. O instante C<br />

e o instante D, por mais vizinhos que se queira do primeiro,<br />

não são indiscerníveis, pois então não haveria tempo, mas<br />

um passa pelo outro e C torna-se D porque C sempre foi ape-

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