12.04.2013 Views

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

Fenomenologia da Percepção - Charlezine

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

566 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

é alguém, quer dizer, que as dimensões temporais, enquanto<br />

se recobrem perpetuamente, se confirmam umas às outras,<br />

nunca fazem senão explicitar aquilo que estava implicado em<br />

ca<strong>da</strong> uma, exprimem to<strong>da</strong>s uma só dissolução ou um só ímpeto<br />

que é a própria subjetivi<strong>da</strong>de. É preciso compreender<br />

o tempo como sujeito e o sujeito como tempo. Evidentemente,<br />

essa temporali<strong>da</strong>de originária não é uma justaposição de<br />

acontecimentos exteriores, já que ela é a potência que os mantém<br />

juntos distanciando-os uns dos outros. A subjetivi<strong>da</strong>de<br />

última não é temporal no sentido empírico <strong>da</strong> palavra: se a<br />

consciência do tempo fosse feita de estados de consciência que<br />

se sucedem, seria necessária uma nova consciência para ter<br />

consciência dessa sucessão e assim por diante. Somos obrigados<br />

a admitir uma consciência que não tenha mais, atrás<br />

de si, nenhuma consciência para ter consciência dela" 11 ,<br />

que, conseqüentemente, não esteja estendi<strong>da</strong> no tempo e cujo<br />

"ser coinci<strong>da</strong> com o ser para si" 12 . Podemos dizer que a<br />

consciência última é "sem tempo" (zeitlosè) no sentido em que<br />

ela não é intratemporal 13 . "Em" meu presente, se eu o retomo<br />

ain<strong>da</strong> vivo e com tudo aquilo que ele implica, há um<br />

êxtase em direção ao porvir e em direção ao passado que faz<br />

as dimensões do tempo se manifestarem, não como rivais, mas<br />

como inseparáveis: ser presentemente é ser sempre, e ser para<br />

sempre. A subjetivi<strong>da</strong>de não está no tempo'porque ela assume<br />

ou vive o tempo e se confunde com a coesão de uma<br />

vi<strong>da</strong>.<br />

Retornamos assim a uma espécie de eterni<strong>da</strong>de? Estou<br />

no passado e, pelo encaixe contínuo <strong>da</strong>s retenções, conservo<br />

minhas mais antigas experiências, não tenho delas alguma<br />

reprodução ou alguma imagem, eu as tenho elas mesmas, exatamente<br />

tais como foram. Mas o encadeamento contínuo dos<br />

campos de presença, pelo qual me é garantido este acesso ao<br />

próprio passado, tem por caráter essencial só efetuar-se pouco<br />

a pouco e passo a passo; ca<strong>da</strong> presente, por sua própria

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!