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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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422 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

neci<strong>da</strong>s por ca<strong>da</strong> um deles não são realmente distintas e liga<strong>da</strong>s<br />

apenas por uma interpretação explícita, elas se dão de<br />

um só golpe como diferentes manifestações do peso "real",<br />

a uni<strong>da</strong>de pré-objetiva <strong>da</strong> coisa é o correlativo <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de<br />

pré-objetiva do corpo. Assim, o peso aparece como a proprie<strong>da</strong>de<br />

identificável de uma coisa sobre o fundo de nosso corpo<br />

enquanto sistema de gestos equivalentes. Essa análise <strong>da</strong> percepção<br />

do peso ilumina to<strong>da</strong> a percepção tátil: o movimento<br />

do corpo próprio é para o tato aquilo que a iluminação é para<br />

a visão 36 . To<strong>da</strong> percepção tátil, ao mesmo tempo em que<br />

se abre a uma "proprie<strong>da</strong>de" objetiva, comporta um componente<br />

corporal, e a localização tátil de um objeto, por exemplo,<br />

o situa em relação aos pontos cardeais do esquema corporal.<br />

Essa proprie<strong>da</strong>de, que à primeira vista distingue absolutamente<br />

o tato <strong>da</strong> visão, ao contrário permite aproximálos.<br />

Sem dúvi<strong>da</strong>, o objeto visível está diante de nós e não em<br />

nosso olho, mas vimos que finalmente a posição, a grandeza<br />

ou a forma visíveis se determinam pela orientação, pela amplidão<br />

e pelo poder de nosso olhar sobre elas. Sem dúvi<strong>da</strong>,<br />

o tato passivo (por exemplo, o tato através do interior <strong>da</strong> orelha<br />

ou do nariz e, em geral, através de to<strong>da</strong>s as partes do corpo<br />

que ordinariamente estão encobertas) nos dá quase apenas<br />

o estado de nosso próprio corpo e quase na<strong>da</strong> que diga<br />

respeito ao objeto. Mesmo nas partes mais finas de nossa superfície<br />

tátil, uma pressão sem nenhum movimento só nos<br />

oferece um fenômeno mal identificável 37 . Mas existe também<br />

uma visão passiva, sem olhar, como a de uma luz ofuscante,<br />

que não exibe mais um espaço objetivo diante de nós e na<br />

qual a luz deixa de ser luz para tornar-se dolorosa e invadir<br />

nosso próprio olho. E, assim como o olhar explorador <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>deira<br />

visão, o "tato cognoscente" 38 nos lança, pelo movimento,<br />

fora de nosso corpo. Quando uma de minhas mãos<br />

toca a outra, a mão móvel desempenha a função de sujeito,<br />

e a outra a de objeto 39 . Existem fenômenos táteis, pretensas

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