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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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352 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

ele não é nem menor, aliás nem igual em grandeza: ele está<br />

aquém do igual e do desigual, ele é o mesmo homem visto de mais<br />

longe. Pode-se dizer apenas que o homem a duzentos passos<br />

é uma figura muito menos articula<strong>da</strong>, que ele oferece ao meu<br />

olhar pontos de apoio menos numerosos e menos precisos,<br />

que ele está menos estritamente engrenado ao meu poder explorador.<br />

Pode-se dizer ain<strong>da</strong> que ele ocupa menos completamente<br />

o meu campo visual, sob a condição de nos lembrarmos<br />

de que o campo visual não é ele mesmo uma área mensurável.<br />

Dizer que um objeto ocupa pouco lugar no campo<br />

visual é dizer, em última análise, que ele não apresenta uma<br />

configuração suficientemente rica para esgotar minha potência<br />

de visão níti<strong>da</strong>. Meu campo visual não tem nenhuma capaci<strong>da</strong>de<br />

defini<strong>da</strong> e pode conter mais ou menos coisas, justamente,<br />

segundo as vejo "de longe" ou "de perto". Portanto,<br />

a grandeza aparente não é definível à parte <strong>da</strong> distância:<br />

ela é implica<strong>da</strong> por esta, assim como a implica. Convergência,<br />

grandeza aparente e distância se lêem umas nas outras,<br />

se simbolizam ou se significam naturalmente umas às outras,<br />

são os elementos abstratos de uma situação e, nesta, são sinônimas<br />

umas <strong>da</strong>s outras, não que o sujeito <strong>da</strong> percepção ponha<br />

relações objetivas entre elas, mas ao contrário porque ele<br />

não as põe à parte e portanto não precisa ligá-las expressamente.<br />

Sejam as diferentes "grandezas aparentes" do objeto<br />

que se distancia: não é necessário ligá-las por uma síntese se<br />

nenhuma delas é objeto de uma tese. Nós "temos" o objeto<br />

que se distancia, não deixamos de "possuí-lo" e de ter poder<br />

sobre ele, e a distância crescente não é, como a largura parece<br />

sê-lo, uma exteriori<strong>da</strong>de que cresce: ela exprime apenas<br />

que a coisa começa a escorregar sob a apreensão de nosso<br />

olhar, e que ele a esposa menos estritamente. A distância é<br />

aquilo que distingue essa apreensão esboça<strong>da</strong> <strong>da</strong> apreensão<br />

completa ou proximi<strong>da</strong>de. Nós a definiremos então do mes-

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