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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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260 FENOMENOLOGIA DA PERCEPÇÃO<br />

ve, constatamos uma mu<strong>da</strong>nça incessante, uma espécie de luta<br />

entre vários agrupamentos possíveis de cores segundo diferentes<br />

pontos de vista" 22 . Estamos reduzidos à experiência<br />

imediata <strong>da</strong>s relações (Kohàrenzerlebnis, Erlebnis des Passem), e<br />

essa é, sem dúvi<strong>da</strong>, a situação do doente. Errávamos em dizer<br />

que ele não pode ater-se a um princípio de classificação<br />

<strong>da</strong>do e que passa de um ao outro: na reali<strong>da</strong>de, ele nunca<br />

adota nenhum 23 . O distúrbio diz respeito "à maneira pela<br />

qual as cores se agrupam para o observador, à maneira pela<br />

qual o campo visual se articula do ponto de vista <strong>da</strong>s cores"<br />

24 . Não é apenas o pensamento ou o conhecimento, mas<br />

a própria experiência <strong>da</strong>s cores que está em questão. Poderíamos<br />

dizer com um outro autor que a experiência normal<br />

comporta "círculos" ou "turbilhões" no interior dos quais<br />

ca<strong>da</strong> elemento é representativo de todos os outros e traz como<br />

que '' vetores'' que o ligam a eles. No doente " (...) essa<br />

vi<strong>da</strong> se encerra em limites mais estreitos e, compara<strong>da</strong> ao<br />

mundo percebido do normal, move-se em círculos menores<br />

e encolhidos. Um movimento que nasce na periferia do turbilhão<br />

não se propaga mais no mesmo instante até o seu centro,<br />

ele permanece, por assim dizer, no interior <strong>da</strong> zona excita<strong>da</strong>,<br />

ou ain<strong>da</strong> só se transmite à sua circunvizinhança imediata.<br />

No interior do mundo percebido não se podem mais<br />

construir uni<strong>da</strong>des de sentido mais compreensivas (...). Aqui<br />

ca<strong>da</strong> impressão sensível ain<strong>da</strong> é afeta<strong>da</strong> por um 'vetor de sentido',<br />

mas esses vetores não têm mais direção comum, não<br />

se orientam mais em direção a centros principais determinados,<br />

eles divergem muito mais que no normal" 25 . É esse o<br />

distúrbio do "pensamento" que se descobre no fundo <strong>da</strong> amnésia;<br />

vê-se que ele diz respeito menos ao juízo do que ao meio<br />

de experiência em que o juízo nasce, menos à espontanei<strong>da</strong>de<br />

do que aos pontos de apoio dessa espontanei<strong>da</strong>de no mundo<br />

sensível e ao nosso poder de figurar nele uma intenção qualquer.<br />

Em termos kantianos: ele afeta menos o entendimento

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