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Fenomenologia da Percepção - Charlezine

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O SER-PARA-SI E O SER-NO-MUNDO 571<br />

le que é afetado é o tempo enquanto série desenvolvi<strong>da</strong> dos<br />

presentes; o afetante e o afetado são um e o mesmo, porque<br />

o ímpeto do tempo é apenas a transição de um presente a um<br />

presente. Este ek-stase, esta projeção de uma potência indivisa<br />

em um termo que lhe está presente, é a subjetivi<strong>da</strong>de. O<br />

fluxo originário, diz Husserl, não apenas é: necessariamente<br />

ele deve <strong>da</strong>r-se uma "manifestação de si mesmo" (Selbsterscheinung),<br />

sem que precisemos colocar, atrás desse fluxo, um<br />

outro fluxo para tomar consciência do primeiro. Ele "se constitui<br />

como fenômeno em si mesmo" 17 , é essencial ao tempo<br />

não ser apenas tempo efetivo ou que se escoa, mas ain<strong>da</strong> tempo<br />

que se sabe, pois a explosão ou a deiscência do presente<br />

em direção a um porvir é o arquétipo <strong>da</strong> relação de si a si e<br />

desenha uma interiori<strong>da</strong>de ou uma ipsei<strong>da</strong>de 18 . Aqui brota<br />

uma luz 19 , aqui não tratamos mais com um ser que repousa<br />

em si, mas com um ser do qual to<strong>da</strong> a essência, assim como<br />

a <strong>da</strong> luz, é fazer ver. É pela temporali<strong>da</strong>de que, sem contradição,<br />

pode haver ipsei<strong>da</strong>de, sentido e razão. Isso se vê até na<br />

noção comum do tempo. Nós delimitamos fases ou etapas de<br />

nossa vi<strong>da</strong>, pòr exemplo consideramos como fazendo parte<br />

de nosso presente tudo o que tem uma relação de sentido com<br />

nossas ocupações do momento; portanto, reconhecemos implicitamente<br />

que tempo e sentido são um e o mesmo. A subjetivi<strong>da</strong>de<br />

não é a identi<strong>da</strong>de imóvel consigo: para ser subjetivi<strong>da</strong>de,<br />

é-lhe essencial, assim como ao tempo, abrir-se a um<br />

Outro e sair de si. Não é preciso representarmo-nos o sujeito<br />

como constituinte e a multiplici<strong>da</strong>de de suas experiências ou<br />

de seus Erlebnisse como constituídos; não é preciso tratar o Eu<br />

transcendental como o ver<strong>da</strong>deiro sujeito e o eu empírico como<br />

sua sombra ou seu rastro. Se a relação entre eles fosse<br />

esta, poderíamos retirar-nos no constituinte, e esta reflexão<br />

fenderia o tempo, ele seria sem lugar e sem <strong>da</strong>ta. Se, de fato,<br />

até mesmo nossas reflexões mais puras nos aparecem retrospectivamente<br />

no tempo, se existe inserção no fluxo de nossas

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