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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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<strong>Salmos</strong> 7 • 139<br />

[vv. 15, 16]<br />

Cavou um poço e o aprofundou; 30<br />

e caiu no fosso que ele mesmo fez. Sua<br />

perversida<strong>de</strong> se voltará sobre sua própria cabeça, e sua violência <strong>de</strong>scerá<br />

sobre seu crânio.<br />

Neste ponto Davi não diz simplesmente que seus perversos intentos<br />

eram sem sucesso, mas que, pela maravilhosa providência divina, o<br />

resultado era precisamente o oposto do que tinha sido contemplado. Ele<br />

põe isso em primeiro plano metaforicamente, empregando a figura <strong>de</strong> um<br />

poço e <strong>de</strong> um fosso; e a seguir ele expressa a mesma coisa em termos<br />

simples, sem figura, <strong>de</strong>clarando que o mal intentado por outros se voltou<br />

sobre a cabeça <strong>de</strong> quem o tramara. Não há dúvida <strong>de</strong> que essa expressão<br />

foi extraída <strong>de</strong> um provérbio comum entre os ju<strong>de</strong>us: Aquele que cava<br />

um poço cairá nele. Eles o citavam quando queriam dizer que os perversos<br />

e astutos são apanhados nas re<strong>de</strong>s e armadilhas que eles mesmos<br />

armam para outros, ou que os inventores da ruína alheia perecem por<br />

seus próprios inventos. 31<br />

Há uma dupla aplicação <strong>de</strong>ssa doutrina: a primeira<br />

consiste em que por mais habilidosos em forjar astúcias nossos<br />

inimigos sejam e quantos meios <strong>de</strong> engendrar malefícios eles tenham, não<br />

obstante <strong>de</strong>vemos atentar para os resultados que Deus aqui promete, a<br />

saber: que cairão por sua própria espada. E isso não é algo que acontece<br />

30 Fry, à luz <strong>de</strong> uma comparação do termo hebraico que Calvino traduz aprofundou-o, com<br />

o termo cognato arábico, supõe que o mesmo significa: “cavá-lo mais, com o fim <strong>de</strong> cobri-lo e<br />

ocultá-lo.” A imagem é tomada do método comum, no oriente, <strong>de</strong> apanhar leões e outros animais<br />

selvagens, cavando poços nos pontos on<strong>de</strong> eram observados freqüentarem, cobrindo-os superficialmente<br />

com ramos ou pequenos galhos <strong>de</strong> árvores. A tradução que Lutero faz <strong>de</strong>sta cláusula<br />

é precisamente a mesma feita por Calvino; e em seu comentário sobre o lugar, ele explica bem a<br />

força das expressões do salmista. “Vejam”, diz ele, “quão admiravelmente ele expressa a fúria ar<strong>de</strong>nte<br />

dos ímpios, não simplesmente <strong>de</strong>clarando: ele cavou um poço, mas ainda faz um a<strong>de</strong>ndo: e o<br />

aprofundou. Portanto, ativos e diligentes são aqueles que têm um poço aberto e a cova preparada.<br />

Eles fazem <strong>de</strong> tudo, exploram tudo e não se sentem satisfeitos <strong>de</strong> ter apenas cavado um poço, mas<br />

o ampliam e o aprofundam, tão fundo quanto lhes for possível, para que tenham como <strong>de</strong>struir e<br />

subverter o inocente.”<br />

31 “Tomboyent au mal qu’ils avoyent brassé.” – v.f. “Caem na <strong>de</strong>struição que eles mesmos<br />

engendraram.”

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