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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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<strong>Salmos</strong> 18 • 325<br />

não imaginemos que ele vai além dos <strong>de</strong>vidos limites, expressando-se<br />

num estilo tão notavelmente sublime. A suma <strong>de</strong> tudo é que, quando<br />

em suas angústias fora reduzido a extremos, ele recorrera a Deus em<br />

busca <strong>de</strong> auxílio e fora miraculosamente preservado.<br />

Neste ponto faremos umas poucas observações com respeito às<br />

palavras. A palavra hebraica, ylbj (chebley), significa cordas ou tristezas,<br />

ou qualquer mal mortífero 13<br />

que consome a saú<strong>de</strong> e as energias<br />

<strong>de</strong> uma pessoa, e que ten<strong>de</strong> para sua <strong>de</strong>s truição. Para que o Salmo<br />

corresponda ao cântico registrado em 2 Samuel, como já ficou <strong>de</strong>monstrado,<br />

não discordo se esta palavra é tomada, aqui, no sentido<br />

<strong>de</strong> contrição, visto que a frase ali empregada é twm yrb?m (mishberey)<br />

(maveth), 14<br />

e o substantivo, yrb?m (mishberey), é <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> um verbo<br />

que significa quebrar. Mas como a metáfora tomada <strong>de</strong> cordas ou<br />

laços concorda melhor com o verbo circundar, a essência consiste em<br />

que Davi se viu cercado <strong>de</strong> todos os lados e enredado nos perigos<br />

<strong>de</strong> morte, estou disposto a adotar essa interpretação. O que se segue<br />

concernente a torrentes implica que ele havia quase que sucumbido<br />

pela violência e pela impetuosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus inimigos contra ele, assim<br />

como alguém que se vê envolto em vagalhões se sente perdido. Ele<br />

as chama <strong>de</strong> as torrentes <strong>de</strong> Belial, visto que eram homens perversos<br />

e ímpios os que haviam conspirado contra ele. A palavra hebraica,<br />

Belial, contém um sentido amplo. Com respeito à sua etimologia, há<br />

13 “lbx., chebel”, diz Hammond, “significa duas coisas: uma corda e a dor aguda e repentina do<br />

parto, e que o significado <strong>de</strong>ve ser resolvido pelo contexto. Aqui, on<strong>de</strong> ela é associada a circundar,<br />

é mais a<strong>de</strong>quadamente subtendida no primeiro sentido, visto que laços ou cordas são próprias<br />

para esse envolver, como que para segurar e <strong>de</strong>ter quando são apertadas.” A versão Caldaica<br />

enten<strong>de</strong> a palavra em outro sentido, e parafraseia a cláusula assim: “A angústia me cercou como<br />

a uma mulher que sofre as dores <strong>de</strong> parto e não tem força para dar à luz e corre risco <strong>de</strong> vida.” A<br />

Septuaginta adota a mesma visão, lendo: “wvdinej qanatou”, “as dores <strong>de</strong> morte”.<br />

14 Cocceius traduz estas palavras, “as ondas <strong>de</strong> morte”, e observa que a palavra ‘ondas’<br />

explica o verbo “me circundou”. A morte <strong>de</strong>sferiu seus dardos ferinos, um após outro, como o<br />

mar impele suas ondas, com tal violência que Davi estava para ser submerso. A palavra yrbXm,<br />

mishberey, aplica-se tanto ao irrom per-se a criancinha no nascimento [Is 37.3; Os 13.13] quanto<br />

às ondas do mar [Sl 42.7]. – Ainsworth. Horsley traduz assim a frase: “Os vagalhões da morte.”<br />

“A metáfora”, diz ele, “é tomada daquelas ondas perigosas que nossos marinheiros chamam vagalhões<br />

brancos.”

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