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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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440 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

teral propositada e <strong>de</strong>liberadamente <strong>de</strong>struído por nossa tradução do<br />

verbo original, traspassaram. Em abono <strong>de</strong>ssa alegação, porém, não há<br />

qualquer colorido <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. Que necessida<strong>de</strong> havia <strong>de</strong> tagarelar tão<br />

presunçosamente sobre uma questão sobre a qual não havia a menor<br />

necessida<strong>de</strong>? Mui forte suspeita <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong>, contudo, os atinge, visto<br />

que o supremo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> seus corações é <strong>de</strong>spojar o Jesus crucificado<br />

<strong>de</strong> seus brasões e <strong>de</strong>spi-lo <strong>de</strong> seu caráter como Messias e Re<strong>de</strong>ntor. Se<br />

recebêssemos esta redação como gostariam que fizéssemos, o sentido<br />

seria <strong>de</strong>senvolvido em mara vilhosa obscurida<strong>de</strong>. Em primeiro lugar,<br />

seria uma forma <strong>de</strong>fectiva <strong>de</strong> expressão; e, para completá-la, diriam<br />

que é necessário suprir o verbo ro<strong>de</strong>ar ou sitiar. Mas o que fariam com<br />

tal significado: sitiando as mãos e os pés? Sitiar pertence tanto a essas<br />

partes quanto o corpo humano pertence ao homem como um todo. Ao<br />

ser <strong>de</strong>scoberto o absurdo <strong>de</strong>sse argumento, usam como recurso a mui<br />

ridícula fábula <strong>de</strong> viúvas idosas, segundo seu modo usual, dizendo que<br />

o leão, quando encontra uma pessoa em seu caminho, faz um círculo<br />

com sua calda antes <strong>de</strong> precipitar-se sobre sua presa. Provando com<br />

isso que é sobejamente evi<strong>de</strong>nte serem eles um caso perdido em matéria<br />

<strong>de</strong> argumento em abono <strong>de</strong> seus pontos <strong>de</strong> vista.<br />

Além disso, visto que Davi, no versículo prece<strong>de</strong>nte, usou a<br />

similitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> um leão, a repetição <strong>de</strong>la, neste versículo, seria supérflua.<br />

Abstenho-me <strong>de</strong> insistir sobre o que alguns <strong>de</strong> nossos expositores têm<br />

observado, ou seja, que este substantivo, quando tem como prefixo a<br />

letra k (caph), que significa como, a palavra, <strong>de</strong>notando similitu<strong>de</strong>, tem<br />

comumente outros pontos além daqueles que são empregados nesta<br />

passagem. Não obstante, meu objetivo aqui não é tentar convencer<br />

Cristo. Além disso, a outra redação, yrak, caäri, como um leão, traduz a passagem inintelivelmente.<br />

A versão Caldaica combinou ambas as idéias, <strong>de</strong> traspassou e como um leão, ficando assim:<br />

“Perfurando, como um leão, minhas mãos e meus pés.” Nosso autor presume que o texto foi<br />

fraudulentamente corrompido pelos ju<strong>de</strong>us que intencionalmente mudaram wrak, caäru, para yrak,<br />

caäri. Mas não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pressupor-se que houve alguma frau<strong>de</strong> neste caso. No processo<br />

<strong>de</strong> transcrição, a mudança po<strong>de</strong> ter ocorrido sem premeditação, substituindo a letra y, yod, pela<br />

letra w, vau, que são muitíssimo parecidas. Walford observa: “que a presente redação [yrak, caäri]<br />

é plenamente satisfatória, se for tomada como um particípio plural in regium, e for traduzida:<br />

‘Ofensores <strong>de</strong> minhas mãos e <strong>de</strong> meus pés.”

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