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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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<strong>Salmos</strong> 29 • 555<br />

conhecer uma pessoa, não toma nota <strong>de</strong> nenhum traço <strong>de</strong> sua fisionomia,<br />

mas fixa seus olhos somente nos aspectos <strong>de</strong> suas unhas, po<strong>de</strong>-se<br />

com razão escarnecer <strong>de</strong> sua estultícia. Mas maior ainda é a estultícia<br />

dos filósofos que, partindo das causas mediatas e imediatas, tecem<br />

véus diante <strong>de</strong> si para que não sejam compelidos a reconhecer a mão<br />

<strong>de</strong> Deus, a qual manifestamente se exibe em suas obras. O salmista<br />

particularmente menciona os cedros do Líbano, em virtu<strong>de</strong> da altura<br />

e beleza dos cedros que ali se encontravam. Refere-se igualmente ao<br />

Líbano e Monte Hermom, bem como ao <strong>de</strong>serto <strong>de</strong> Ca<strong>de</strong>s, 8<br />

visto que<br />

tais lugares eram melhor conhecidos dos ju<strong>de</strong>us. Ele usa, aliás, uma<br />

figura magnificamente poética, acompanhada <strong>de</strong> uma hipérbole, quando<br />

diz: a voz <strong>de</strong> Deus faz o Líbano saltar como um bezerro, e o Siriom<br />

(que também é <strong>de</strong>nominado Monte Hermom 9 ) como um unicórnio que,<br />

bem o sabemos, é um dos animais mais velozes. Ele alu<strong>de</strong> também<br />

ao terrível estrondo do trovão, o qual faz estremecer os fundamentos<br />

das montanhas. É uma figura semelhante quando diz: o Senhor lança<br />

chamas <strong>de</strong> fogo, o que é feito quando os vapores, sendo golpeados,<br />

por assim dizer, com seu martelo, irrompem em relâmpagos e trovões.<br />

Aristóteles, em seu livro sobre Meteoros, arrazoa mui astutamente sobre<br />

essas coisas, até on<strong>de</strong> se relacionem com as causas imediatas, só<br />

que ele omite o ponto primordial. A investigação sobre essas coisas,<br />

aliás, seria um exercício proveitoso e agradável, fôssemos nós guiados,<br />

como <strong>de</strong>veríamos, da Natureza para o próprio Autor. Nada, porém, é<br />

mais irracional do que, ao nos <strong>de</strong>pararmos com causas mediatas, por<br />

maior que seja seu número, nos <strong>de</strong>ixarmos <strong>de</strong>ter e protelar por elas,<br />

como que diante <strong>de</strong> inúmeros obstáculos, em nossa aproximação <strong>de</strong><br />

Deus; 10<br />

pois tal é o caso em que alguém tivesse que permanecer nos<br />

mesmos rudimentos das coisas durante toda sua vida, sem sequer dar<br />

um passo adiante. Em suma, com isso você apren<strong>de</strong> que <strong>de</strong> forma ab-<br />

8 Isto é, o <strong>de</strong>serto <strong>de</strong> Zim [Nm 33.36]. É <strong>de</strong>scrito em Dt 1.19 como o “gran<strong>de</strong> e terrível <strong>de</strong>serto”.<br />

Os israelitas atravessaram esses <strong>de</strong>sertos em sua jornada do Egito para a terra prometida [Nm<br />

13.27]. Recebeu esse nome da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ca<strong>de</strong>s, perto do qual ela se acha [Nm 20.1,16].<br />

9 Os sidônios aplicavam ao Hermom o nome <strong>de</strong> Siriom [Dt 3.9].<br />

10 “D’approcher <strong>de</strong> Dieu.” – v.f.

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