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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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268 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

po<strong>de</strong> rem escapar com tais artifícios, têm <strong>de</strong>spojado com maior excesso<br />

do que se tivessem emprestado com usura franca e <strong>de</strong>claradamente. Deus,<br />

contudo, não se <strong>de</strong>ixará enganar nem permitirá qualquer imposição das<br />

pretensões sofísticas e falsas. Ele julga o fato pelo prisma da realida<strong>de</strong>. Não<br />

há pior espécie <strong>de</strong> usura do que aquele modo injusto <strong>de</strong> fazer barganhas,<br />

quando a eqüida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>srespeitada <strong>de</strong> ambos os lados. Lembremo-nos,<br />

pois, <strong>de</strong> que toda e qualquer barganha em que uma parte injustamente se<br />

empenha por angariar lucro pelo prejuízo da outra parte, seja que nome<br />

lhe damos, é aqui con<strong>de</strong>nada. Po<strong>de</strong> perguntar-se: toda e qualquer espécie<br />

<strong>de</strong> usura <strong>de</strong>ve ser enquadrada nesta <strong>de</strong>núncia e consi<strong>de</strong>rada como igualmente<br />

ilícita? Se con<strong>de</strong>narmos tudo sem qualquer distinção, há o risco<br />

<strong>de</strong> que muitos, por se encontrarem em tal circunstância, achando que o<br />

pecado <strong>de</strong>ve ser exposto, para on<strong>de</strong> quer que se volvam, não sejam entregues<br />

a extremo <strong>de</strong>sespero e se lancem <strong>de</strong> ponta cabeça a todo gênero<br />

<strong>de</strong> usura, sem escolha ou discriminação. Por outro lado, sempre que concordamos<br />

que alguma coisa se po<strong>de</strong> licitamente fazer nesta área, muitos<br />

vão viver a ré<strong>de</strong>as soltas, crendo que lhes foi concedido a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

praticar a usura sem qualquer controle ou mo<strong>de</strong>ração. Em primeiro lugar,<br />

pois, acima <strong>de</strong> tudo aconselharia a meus leitores a se precaverem <strong>de</strong><br />

engenhosamente inventar pretextos, pelos quais tirem proveito <strong>de</strong> seus<br />

semelhantes, e para que não imaginem que qualquer coisa po<strong>de</strong> ser-lhes<br />

lícita, quando para outros é grave e prejudicial.<br />

Com respeito à usura, é raríssimo encontrar no mundo um usurário<br />

que não seja ao mesmo tempo um extorquidor e viciado ao lucro ilícito e<br />

<strong>de</strong>sonroso. Conseqüentemente, Cato 4 <strong>de</strong>s<strong>de</strong> outrora corretamente colocava<br />

a prática da usura e o homicídio na mesma categoria <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong>,<br />

pois o objetivo <strong>de</strong>ssa classe <strong>de</strong> pessoas é sugar o sangue <strong>de</strong> outras pessoas.<br />

É também algo muito estranho e <strong>de</strong>primente que, enquanto todos os<br />

<strong>de</strong>mais homens obtêm sua subsistência por meio do trabalho, enquanto<br />

os cônjuges se fatigam em suas ocupações diárias e os operários ser-<br />

4 “C’estoit un personnage Romain <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> reputation.” – versão francesa marginal. “Este foi<br />

um personagem romano <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> reputação.” – Veja-se Cicero <strong>de</strong> Officiis, Lib. Ii. Cap. xxv.

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