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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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224 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

trumento musical; enquanto que outros são antes inclinados a crer que<br />

ela encerra uma melodia. Mas já que não é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância qual<br />

<strong>de</strong>ssas opiniões <strong>de</strong>va ser adota, não me preocupo em <strong>de</strong>masia com o assunto.<br />

A conjectura <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong> que ela era o começo <strong>de</strong> um cântico<br />

não me parece ser tão provável quanto à que se refere à melodia, e se<br />

<strong>de</strong>stinava a realçar como o Salmo <strong>de</strong>via ser cantado. 3 Logo no início Davi<br />

se queixa <strong>de</strong> que a terra estava tão coberta <strong>de</strong> homens maus e <strong>de</strong> pessoas<br />

que se irrompiam na prática <strong>de</strong> todo gênero <strong>de</strong> perversida<strong>de</strong>, que a<br />

prática da justiça e ho nestida<strong>de</strong> havia cessado e que não era possível encontrar<br />

alguém que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>sse a causa do bem; em suma, que não mais<br />

restava qualquer resquício <strong>de</strong> humanida<strong>de</strong> nem <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>.<br />

É provável que o salmista estivesse falando aqui do tempo quando<br />

Saul o perseguia, porque então todos, do mais elevado ao mais<br />

inferior, conspiravam para <strong>de</strong>struir um homem ino cente e aflito. É<br />

algo em extremo <strong>de</strong>sgastante relatar, e contudo perfeitamente verda<strong>de</strong>iro,<br />

que a justiça estivesse tão completamente conspurcada entre<br />

o povo eleito <strong>de</strong> Deus, que todos eles, com unânime consenso, à luz<br />

<strong>de</strong> sua hostilida<strong>de</strong> a uma causa boa e justa, irrompiam-se em atos <strong>de</strong><br />

ultraje e cruelda<strong>de</strong>. Davi, neste ponto, não está a acusar a estranhos<br />

e estrangeiros, senão que nos informa que esse dilúvio <strong>de</strong> iniqüida<strong>de</strong><br />

prevalecia na Igreja <strong>de</strong> Deus. Portanto, que os fiéis <strong>de</strong> nossos dias não<br />

se <strong>de</strong>sanimem injustificadamente à vista do estado tão corrompido<br />

e confuso do mundo; senão que consi<strong>de</strong>rem como é importante que<br />

suportem com paciência, visto que sua condição é justamente como<br />

aquela <strong>de</strong> Davi em tempos passados. Deve observar-se que, quando<br />

Davi invoca o socorro divino, ele se anima na esperança <strong>de</strong> obtê-lo,<br />

com base no fato <strong>de</strong> que não havia retidão alguma entre os homens. De<br />

modo que <strong>de</strong> seu exemplo aprendamos a recorrer a Deus quando nada<br />

vemos ao nosso redor senão negro <strong>de</strong>sespero. Devemos convencernos<br />

do seguinte: quanto mais confusas estão as coisas neste mundo,<br />

3 “Et que c’est pour exprimer comment se <strong>de</strong>voit chanter le pseaume.” – v.f.

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