31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Salmos</strong> 19 • 373<br />

3. Não há linguagem e nem palavra [on<strong>de</strong>] sua voz não é ouvida.<br />

Este versículo recebe duas interpretações quase que contrárias, cada<br />

uma <strong>de</strong>las, contudo, possuindo uma aparente probabilida<strong>de</strong>. Visto que<br />

as palavras, quando traduzidas lite ralmente, são lidas assim: Nenhuma<br />

linguagem, e nenhuma palavra, sua voz não é ouvida, alguns juntam o<br />

terceiro e o quarto versículos, como se essa frase fosse incompleta sem<br />

a cláusula que se segue no início do quarto versículo: Sua composição<br />

se esten<strong>de</strong> por toda a terra etc. Segundo eles, o significado é este: Os<br />

céus, é verda<strong>de</strong>, são mudos e não são dotados com a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> falar;<br />

mas, mesmo assim eles proclamam a glória <strong>de</strong> Deus com uma voz<br />

suficientemente audível e distinta. Mas se essa era a intenção <strong>de</strong> Davi,<br />

que necessida<strong>de</strong> havia <strong>de</strong> se repetir três vezes que eles não pronunciam<br />

palavra? Certamente seria estúpido e supérfluo insistir tanto sobre uma<br />

coisa tão universalmente notória. A outra explicação, portanto, visto<br />

ser mais geralmente aceita, parece ser também mais a<strong>de</strong>quada. Na língua<br />

hebraica, que é concisa, às vezes é necessário suprir a lacuna com<br />

alguma palavra; e é particularmente comum nessa língua o relativo ser<br />

omitido, ou seja, as palavras que, em que etc., como aqui: Não há linguagem,<br />

não há palavra [on<strong>de</strong> 4 ] sua voz não é ouvida. 5 Além disso, a terceira<br />

negação, ylb (beli), 6<br />

antes <strong>de</strong>nota uma exceção ao que está afirmado<br />

nos membros pre ce<strong>de</strong>ntes da frase, como se ele dissesse: A diferença<br />

e varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> linguagens não impe<strong>de</strong>m a proclamação dos céus, e sua<br />

linguagem <strong>de</strong> ser ouvida e entendida em cada canto do mundo. A diferença<br />

<strong>de</strong> linguagens é uma barreira que impe<strong>de</strong> di ferentes nações <strong>de</strong><br />

manter relação mútua, e faz com que aquele que em seu próprio país<br />

é distinguido por sua eloqüência, quando entra num país estrangeiro<br />

4 Tanto Calvino quanto os tradutores <strong>de</strong> nossa versão inglesa parecem ter seguido as versões<br />

Septuaginta e Vulgata, inserindo a palavra on<strong>de</strong>, que não se encontra no texto hebraico.<br />

5 “C’est as avoir ces mots, Lequel, Laquelle, etc., comme yci Il n’y a langage, il n’y a paroles<br />

esquelles la voix <strong>de</strong> ceux ne soit ouye.”<br />

6 ylb, beli, comumente significa não; mas é também usada para toda sorte <strong>de</strong> partículas exclusivas,<br />

sem, além <strong>de</strong>, a menos que. Daí Grotius traduzi-la, aqui, sem. Como lb, bal, significa em árabe,<br />

mas, e como o árabe é apenas um dialeto do hebraico, Hammond conclui que esse po<strong>de</strong> ter sido<br />

seu significado entre os ju<strong>de</strong>us; e, portanto, propõe traduzir o versículo assim: “sem linguagem,<br />

sem palavras, mas, não obstante [ylb, beli], sua voz é, ou tem sido, ouvida.”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!