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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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424 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

da carne, como se ele tivesse nos esquecido completamente. Quando<br />

tal sensação <strong>de</strong> perplexida<strong>de</strong> toma total posse da mente <strong>de</strong> uma pessoa,<br />

ela é mergulhada em profunda <strong>de</strong>scrença, e não mais busca e <strong>de</strong><br />

forma alguma espera encontrar o remédio. Se a fé, porém, lhe vem em<br />

seu socorro, reprimindo uma tentação <strong>de</strong> tal natureza, a mesma pessoa<br />

que, julgando segundo a aparência externa dos fatos, consi<strong>de</strong>rava<br />

Deus como que enraivecido contra ela, ou como que a tendo abandonado,<br />

mira no espelho da promessa a graça <strong>de</strong> Deus que se acha oculta<br />

e distante. Entre essas duas emoções contrárias, os fiéis são agi tados<br />

e, por assim dizer, se vêem flutuantes quando Satanás, <strong>de</strong> um lado,<br />

pondo diante <strong>de</strong> seus olhos os sinais da ira divina, os impele ao <strong>de</strong>sespero,<br />

e tudo faz para <strong>de</strong>stroçar completamente sua fé; enquanto que a<br />

fé, por outro lado, trazendo-lhes à lembrança as promessas [divinas],<br />

os ensina a esperar pacientemente e a confiar em Deus, até que uma<br />

vez mais ele lhes revele seu semblante paternal.<br />

Vimos, pois, a fonte da qual proce<strong>de</strong>u esta exclamação: Deus meu!<br />

Deus meu!, e da qual também proce<strong>de</strong>u a queixa que se segue imediatamente:<br />

Por que me <strong>de</strong>samparaste? Enquanto a veemência da tristeza<br />

e a enfermida<strong>de</strong> da carne arrancavam do salmista estas palavras: Estou<br />

<strong>de</strong>samparado <strong>de</strong> Deus!, a fé, para que ele, ao ser tão severamente provado,<br />

não mergulhasse em <strong>de</strong>sespero, põe em seus lábios a correção<br />

<strong>de</strong>ssa linguagem, para que ousadamente invocasse a Deus, como seu<br />

Deus, <strong>de</strong> quem cria estar <strong>de</strong>samparado. Sim, <strong>de</strong>scobrimos que ele tem<br />

dado à fé a preeminência. Antes <strong>de</strong> se permitir expressar sua queixa,<br />

a fim <strong>de</strong> dar à fé a priorida<strong>de</strong>, ele antes <strong>de</strong>clara que ainda clamava a<br />

Deus como seu Deus pessoal e recorria a ele como seu refúgio. E visto<br />

que os afetos da carne, uma vez dando vazão ao seu impulso, não<br />

são facilmente reprimidos, ao contrário nos impelem para além dos<br />

limites da razão, por isso é aconselhável que os reprimamos <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o começo. Davi, pois, ob servou a melhor or<strong>de</strong>m possível ao dar à fé<br />

a precedência – expressando-a antes <strong>de</strong> dar vazão à sua dor, e modificando,<br />

por meio <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>vota oração, a queixa que mais adiante<br />

faz com respeito à ampla extensão <strong>de</strong> suas calamida<strong>de</strong>s. Houvera ele

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