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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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206 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

sublimes e honradas concepções acerca <strong>de</strong> nosso Rei celestial; pois<br />

embora não execute ele imediatamente seus juízos, todavia <strong>de</strong>tém<br />

sempre o pleno e perfeito po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fazê-lo. Em suma, ele reina, não<br />

especificamente em função <strong>de</strong> si próprio; ele o faz visando a nós e com<br />

duração eterna. E sendo essa a duração <strong>de</strong> seu reinado, segue-se que<br />

uma excessiva <strong>de</strong>longa não po<strong>de</strong> impedi-lo <strong>de</strong> esten<strong>de</strong>r sua mão no<br />

<strong>de</strong>vido tempo e socorrer a seu povo, mesmo que ele esteja, por assim<br />

dizer, morto ou em condição tal que, aos olhos, aos sentidos e à razão<br />

humanos, pareça sem qualquer esperança. Os gentios perecerão da<br />

terra. O significado é este: a terra santa, finalmente, foi expurgada das<br />

abominações e impurezas com que fora poluída. Constituiu-se numa<br />

terrível profanação o fato <strong>de</strong> a terra que havia sido dada por herança<br />

ao povo <strong>de</strong> Deus, e distribuída com os que o adoravam com pureza,<br />

passasse a nutrir os habitantes ímpios e perversos.<br />

Com o termo, os pagãos, o profeta não quer dizer estrangeiros<br />

e os que não pertenciam à raça <strong>de</strong> Abraão segundo a carne, 49 mas os<br />

hipócritas que falsamente se vangloriavam <strong>de</strong> pertencer ao povo <strong>de</strong><br />

Deus, justamente como hoje muitos que são cristãos nominalmente<br />

ocupam um espaço no seio da Igreja. Não é nenhuma novida<strong>de</strong><br />

chamarem os profetas <strong>de</strong> apóstatas aos que se haviam <strong>de</strong>generado<br />

das virtu<strong>de</strong>s e vidas santas <strong>de</strong> seus pais, evocando o título <strong>de</strong> pagãos,<br />

bem como comparando-os não só com os incircuncisos, mas<br />

também com os próprios cananeus, que eram os mais <strong>de</strong>testáveis<br />

<strong>de</strong>ntre todos os pagãos. “Teu pai foi amonita e tua mãe, hitita” [Ez<br />

16.3]. Muitas outras passagens po<strong>de</strong>m ser cotejadas na Escritura.<br />

Davi, portanto, ao aplicar o <strong>de</strong>sonroso título <strong>de</strong> pagãos, aos falsos<br />

e bastardos filhos <strong>de</strong> Abraão, ren<strong>de</strong> graças a Deus por haver ele<br />

expulso <strong>de</strong> sua Igreja uma classe tão corrupta. Com esse exemplo,<br />

somos ensinados que não é nenhuma novida<strong>de</strong> se em nosso próprio<br />

tempo virmos a Igreja <strong>de</strong> Deus poluída pelos homens profanos e<br />

irreligiosos. Devemos, contudo, rogar a Deus que purifique imedia-<br />

49 “Et <strong>de</strong>s personnes qui ne fussent <strong>de</strong> la race d’Abraham selon la chair.” – v.f.

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