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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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288 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

a linguagem <strong>de</strong> Davi não se limita a alguma espécie particular <strong>de</strong> livramento,<br />

como no Salmo 49.15, on<strong>de</strong> ele diz: “Deus redimiu minha alma<br />

do po<strong>de</strong>r da sepultura”, e noutras passagens semelhantes; mas ele se<br />

nutre da inconfundível certeza da salvação eterna, a qual o libertava <strong>de</strong><br />

toda ansieda<strong>de</strong> e temor. É como se ele dissesse: Haverá sempre pronta<br />

para mim uma via <strong>de</strong> escape do túmulo, para que eu não permaneça<br />

na corrupção. Deus, ao livrar seu povo <strong>de</strong> algum perigo, prolonga sua<br />

vida por um curto período; mas quão escassa e quão vazia consolação<br />

seria obter-se algum breve repouso e tomar fôlego por um breve tempo,<br />

até que a morte, por fim chegando, poria termo ao curso <strong>de</strong> nossa<br />

vida, 32 nos tragando sem qualquer esperança <strong>de</strong> livramento! Daí parecer<br />

que, quando Davi se expressa <strong>de</strong>ssa forma, ele elevava sua mente<br />

acima da sorte comum da humanida<strong>de</strong>. Visto que a sentença tem sido<br />

pronunciada contra todos os filhos <strong>de</strong> Adão: “Tu és pó, e ao pó voltarás”<br />

[Gn 3.19], a mesma condição neste aspecto aguarda a todos eles,<br />

sem exceção. Se, pois, Cristo, que é as primícias dos que ressuscitam,<br />

não sai do túmulo, então eles permanecerão perenemente sob a escravidão<br />

da corrupção. Desse fato Pedro com razão conclui [At 2.30] que<br />

Davi não po<strong>de</strong>ria ter se gloriado <strong>de</strong>ssa forma, senão pelo espírito <strong>de</strong><br />

profecia; e a menos que ele tivesse tido um respeito especial pelo Autor<br />

da vida, o qual lhe fora prometido, o qual foi o único honrado com<br />

este privilégio em seu sentido mais pleno. Isso, contudo, não impedia a<br />

Davi <strong>de</strong> assegurar-se por direito da isenção do domínio da morte, visto<br />

que Cristo, por sua ressurreição <strong>de</strong>ntre mortos, obteve a imortalida<strong>de</strong><br />

não só para si, individualmente, mas também para todos nós. Quanto<br />

a este ponto, o qual Pedro [At 2.30] e Paulo [13.33] disputam, ou seja,<br />

que esta profecia se cumpriu exclusivamente na pessoa <strong>de</strong> Cristo, 33<br />

o<br />

sentido no qual <strong>de</strong>vemos entendê-los é este: que ele estava tão plena<br />

e perfeitamente isento da corrupção [<strong>de</strong>composição] do túmulo, que<br />

32 “Jusqu’à ce que la mort finalement venant, rompist le cours <strong>de</strong> nos jours.” – v.f.<br />

33 E assim temos a autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dois apóstolos para enten<strong>de</strong>rmos a parte conclusiva <strong>de</strong>sse<br />

Salmo como uma profecia da ressurreição <strong>de</strong> Cristo <strong>de</strong>ntre os mortos.

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