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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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<strong>Salmos</strong> 23 • 459<br />

Deus, em sua providência, havia exercido para com ele. Sua linguagem<br />

implica que Deus não tinha menor cuidado para com ele do que um<br />

pastor tinha para com as ovelhas que lhe são postas à sua responsabilida<strong>de</strong>.<br />

Deus, na Escritura, freqüentemente toma sobre si o nome e<br />

assume o caráter <strong>de</strong> um pastor, e isso <strong>de</strong> forma alguma é o emblema<br />

<strong>de</strong> um frágil amor para conosco. Visto ser essa uma <strong>de</strong>spretensiosa e<br />

familiar forma <strong>de</strong> expressão, Aquele que se digna <strong>de</strong>scer tão baixo por<br />

nossa causa, com certeza nutre uma afeição singularmente forte para<br />

conosco. Portanto, não é <strong>de</strong> admirar que, quando nos convida para si<br />

com tal mansidão e familiarida<strong>de</strong>, não nos <strong>de</strong>ixamos ser atraídos ou<br />

fascinados por ele para que <strong>de</strong>scansemos em segurança e paz sob sua<br />

guarda. Deve-se, porém, observar que Deus só é pastor em relação<br />

àqueles que, tocados com o senso <strong>de</strong> sua própria fragilida<strong>de</strong> e pobreza,<br />

sente-se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> sua proteção, e que espontaneamente<br />

habita o seu redil e se <strong>de</strong>ixa governar por ele. Davi, que excedia tanto<br />

em po<strong>de</strong>r quanto em riquezas, não obstante confessa francamente não<br />

passar <strong>de</strong> uma pobre ovelha, com o intuito <strong>de</strong> fazer <strong>de</strong> Deus o seu pastor.<br />

Quem há, pois, entre nós que se eximiria <strong>de</strong> tal necessida<strong>de</strong>, visto<br />

que nossa própria fragilida<strong>de</strong> sobejamente revela que seríamos mais<br />

que miseráveis caso não vivamos sob a proteção <strong>de</strong>ste pastor? Tenhamos<br />

em mente, pois, que nossa felicida<strong>de</strong> consiste nisto: que sua mão<br />

se esten<strong>de</strong> para governar-nos, a fim <strong>de</strong> que vivamos sob sua sombra, e<br />

para que sua providência mantenha-se insone e preserve nosso bemestar.<br />

Portanto, ainda que tenhamos abundância <strong>de</strong> todas as coisas<br />

excelentes e temporais, no entanto asseguremo-nos <strong>de</strong> que não po<strong>de</strong>mos<br />

ser realmente felizes a menos que Deus se digne <strong>de</strong> incluir-nos<br />

no rol <strong>de</strong> seu rebanho. Além disso, só atribuímos a Deus o ofício <strong>de</strong><br />

Pastor com a <strong>de</strong>vida e legítima honra, quando formos persuadidos <strong>de</strong><br />

que sua exclusiva providência é suficiente para suprir todas as nossas<br />

necessida<strong>de</strong>s. 6<br />

Ele me faz <strong>de</strong>itar em pastagens <strong>de</strong> grama. Com respeito às pa-<br />

6 “Que as seule provi<strong>de</strong>nce est suffisante pour nous administrer toutes nos necessitez.” v.fr.

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