31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

314 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

lavras, <strong>de</strong> coisas terrenas, sem provar as coisas celestiais, nas quais<br />

há substância, 44<br />

ou viver tão estupefatos pelo lancinante remorso da<br />

consciência com que se atormentam, não conseguindo <strong>de</strong>sfrutar das<br />

boas coisas que possuem, nunca têm mentes serenas e tranqüilas,<br />

mas são mantidos infelizes pelas paixões íntimas com que vivem perplexos<br />

e agitados. Portanto, é só a graça <strong>de</strong> Deus que po<strong>de</strong> dar-nos<br />

contentamento, 45<br />

a qual nos impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> vivermos distraídos pelos <strong>de</strong>sejos<br />

irregulares. Davi, pois, não tenho dúvida, faz aqui uma alusão às<br />

vãs alegrias do mundo, as quais <strong>de</strong>finham a alma, enquanto aguçam e<br />

aumentam o apetite ainda mais, 46 a fim <strong>de</strong> realçar os que são participantes<br />

da verda<strong>de</strong>ira e substancial felicida<strong>de</strong>, que buscam seu bem-estar<br />

tão-somente no aprazimento <strong>de</strong> Deus. Visto que a tradução literal das<br />

palavras hebraicas – eu ficarei satisfeito com o reavivar <strong>de</strong> tua face, ou<br />

em reavivar tua face –, alguns, preferindo a primeira exposição, enten<strong>de</strong>m<br />

pelo reavivar da face <strong>de</strong> Deus a irrupção ou manifestação da<br />

luz <strong>de</strong> sua graça, a qual antes estava, por assim di zer, coberta por nuvens.<br />

Quanto a mim, porém, parece mais próprio fazer a palavra avivar<br />

[<strong>de</strong>spertar] referir-se a Davi, 47<br />

e averiguar que significa o mesmo que<br />

obter <strong>de</strong>scanso <strong>de</strong> seu sofrimento. Na verda<strong>de</strong> Davi esteve totalmente<br />

dominado pelo estupor, mas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um prolongado período <strong>de</strong><br />

fadiga oriunda da perseguição <strong>de</strong> seus inimigos, ele parecia ter caído<br />

num profundo estado <strong>de</strong> torpor. Não fossem os santos sustentados e<br />

não repelissem eles, corajosamente, todos os assaltos que lhes são<br />

feitos, bem como, em virtu<strong>de</strong> da fraqueza <strong>de</strong> sua carne, não sentissem<br />

<strong>de</strong>sfalecimento e <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> por algum tempo, e seriam terrificados<br />

como se estivessem envoltos por trevas. Davi compara essa pertur-<br />

44 “C’est à dire <strong>de</strong> choses terriennes, sans gouster les choses espirituelles esquelles il y a<br />

fermete.” – v.f.<br />

45 “Qui nous puisse donner contentement.” – v.f.<br />

46 “Lesquelles ne font qu’affamer et augmenter tousjours tout plus l’appetit.” – v.f.<br />

47 A versão Caldaica a aplica a Davi, e lê: “Quando acordar, ficarei satisfeito com a glória <strong>de</strong><br />

teu semblante.” Mas as versões Septuaginta, Vulgata e Etíope aplicam o verbo: <strong>de</strong>spertar para tua<br />

glória. “ vEn tw| ovfqhnai thn doxan sou”, “No surgir <strong>de</strong> tua glória”, diz a Septuaginta. “Cum apparuerit<br />

gloria tua”, “Quando tua glória aparecer”, diz a Vulgata.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!