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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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152 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

que o apóstolo, em sua epístola aos Hebreus [2.7], citando esta passagem,<br />

diz: por um pouco menor que os anjos, e não menor que Deus; 24<br />

pois conhecemos a liberda<strong>de</strong> que os apóstolos usavam nas citações<br />

<strong>de</strong> textos bíblicos; não com o intuito <strong>de</strong> imprimir-lhes um sentido diferente<br />

do original, mas porque consi<strong>de</strong>ravam ser suficiente mostrar,<br />

pela simples referência à Escritura, que o que ensinavam era sancionado<br />

pela Palavra <strong>de</strong> Deus, embora não citassem com precisão palavra<br />

por palavra. Conseqüentemente, eles nunca hesitavam em mudar as<br />

palavras, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a substância do texto permanecesse intocável.<br />

Há outra questão que é ainda mais difícil <strong>de</strong> se resolver. Enquanto<br />

o salmista, aqui, discursa acerca da excelência dos homens e os <strong>de</strong>screve,<br />

neste aspecto, como sendo semelhantes a Deus, o apóstolo aplica a<br />

passagem à humilhação <strong>de</strong> Cristo. Em primeiro lugar, <strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rar<br />

a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se aplicar à pessoa <strong>de</strong> Cristo o que é aqui expresso<br />

concernente a toda a humanida<strong>de</strong>; e, em segundo lugar, como po<strong>de</strong>mos<br />

explicá-la como uma referência ao fato <strong>de</strong> Cristo ser humilhado em sua<br />

morte, quando seu aspecto ficou <strong>de</strong>formado, <strong>de</strong>sfigurado e sem atrativo,<br />

sob a humilhação e maldição da cruz. O que dizem alguns, que o que é<br />

aplicável aos membros po<strong>de</strong> ser apropriada e perfeitamente transferido<br />

para a cabeça, po<strong>de</strong> ser uma resposta suficiente à primeira questão; mas<br />

dou um passo além, pois Cristo não é só o primogênito <strong>de</strong> toda criatura;<br />

ele é também o restaurador da humanida<strong>de</strong>. O que Davi, aqui, relata<br />

pertence propriamente ao princípio da criação, quando a natureza hu-<br />

24 Certamente, o fato <strong>de</strong> Paulo ter usado a palavra anjos, em vez <strong>de</strong> Deus, não prova que a<br />

tradução <strong>de</strong> Calvino seja inexata. Como a versão Septuaginta estava em uso geral entre os ju<strong>de</strong>us<br />

dos dias <strong>de</strong> Paulo, ele mui naturalmente faz citações <strong>de</strong>la precisamente como fazemos com nossas<br />

versões inglesas [e portuguesas]. E isso bastava para seu propósito. Seu objetivo era apresentar<br />

resposta a alguma objeção que os ju<strong>de</strong>us formulavam contra a dispensação cristã, como sendo<br />

inferior à mosaica, já que os anjos eram os mediadores da dispensação mosaica, enquanto que o<br />

mediador ou cabeça da dispensação cristã não passava, em sua avaliação, <strong>de</strong> um homem. A tal<br />

objeção ele respon<strong>de</strong> fazendo uso das próprias Escrituras <strong>de</strong>les, e cita este Salmo para comprovar<br />

que Cristo, em sua natureza humana, era um pouco inferior aos anjos, e que ele é exaltado<br />

muito acima <strong>de</strong>les em relação à glória e ao domínio com que ele é coroado. Se o apóstolo tivera<br />

feito a citação das Escrituras hebraicas, e usado ~yhla, Elohim, Deus, significando o Altíssimo, seu<br />

argumento em apoio da dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cristo em sua natureza humana teria sido ainda mais forte.<br />

– Veja-se Stuart’s Commentary on the Hebrews, vol. II, pp. 68-71.

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