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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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264 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

<strong>de</strong>s prezado é este: que os filhos <strong>de</strong> Deus <strong>de</strong>sprezam os ímpios, e fazem<br />

aquela vil e <strong>de</strong>sprezível avaliação <strong>de</strong>les segundo merece seu caráter. Os<br />

piedosos, é verda<strong>de</strong>, embora vivendo uma vida condigna e virtuosa, não<br />

se enchem <strong>de</strong> presunção, mas, ao contrário, vivem satisfeitos consigo<br />

mesmos, porque sentem quão longe se encontram daquela perfeição que<br />

lhes é requerida. Entretanto, quando consi<strong>de</strong>ro o que o escopo <strong>de</strong>sta passagem<br />

<strong>de</strong>manda, não creio que <strong>de</strong>vemos ser aqui vistos pelo salmista a<br />

recomendar-nos humilda<strong>de</strong> ou modéstia, mas, antes, um espontâneo e íntegro<br />

caráter humano, pelo qual os perversos, em contrapartida, não são<br />

poupados, enquanto que a virtu<strong>de</strong>, por outro lado, recebe a honra que<br />

lhe pertence; pois a bajulação, que nutre os vícios encobrindo-os, é um<br />

mal não menos pernicioso que comum. Deveras admito que, se os perversos<br />

são revestidos <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, não <strong>de</strong>vemos externar nosso <strong>de</strong>sprezo<br />

por eles em medida tal ao ponto <strong>de</strong> recusar-nos a obe<strong>de</strong>cê-los até on<strong>de</strong><br />

nosso <strong>de</strong>ver o exige. Ao mesmo tempo, porém, <strong>de</strong>vemos precaver-nos<br />

da bajulação e <strong>de</strong> acomodarmo-nos a eles, ao ponto <strong>de</strong> nos envolvermos<br />

na mesma con<strong>de</strong>nação <strong>de</strong>stinada a eles. Aquele que não só parece encarar<br />

suas perversas ações com indiferença, mas também as honra, mostra<br />

que aprova nelas o máximo que po<strong>de</strong>. Paulo, pois, nos ensina [Ef 5.11]<br />

que, quando não reprovamos os maus, essa é uma espécie <strong>de</strong> comunhão<br />

com as obras infrutíferas das trevas. É certamente um modo <strong>de</strong> agir muito<br />

perverso quando certas pessoas, buscando alcançar o favor humano,<br />

indiretamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nham <strong>de</strong> Deus; e todos são coniventes em fazer com<br />

que seus negócios sejam do agrado dos perversos. Davi, contudo, sente<br />

<strong>de</strong>ferência, não tanto pela pessoa do perverso, mas pelas suas obras. O<br />

homem que vê o perverso sendo honrado, e pelos aplausos do mundo<br />

se torna ainda mais obstinado em sua perversida<strong>de</strong>, e que <strong>de</strong> bom grado<br />

dá seu consentimento ou aprovação, com isso não estará enaltecendo o<br />

vício, em vez da autorida<strong>de</strong>, e o envolvendo <strong>de</strong> soberano po<strong>de</strong>r? Mas o<br />

profeta Isaías diz: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que<br />

põem as trevas por luz, e a luz por trevas; e o amargo por doce, e o doce<br />

por amargo” [5.20].<br />

Nem se <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar como sendo um ru<strong>de</strong> ou violento modo

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