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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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376 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

Entretanto, visto como esses intérpretes alegóricos têm apoiado<br />

seus conceitos nas palavras <strong>de</strong> Paulo, tal dificulda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser removida.<br />

Paulo, ao discorrer sobre a vocação dos gentios, <strong>de</strong>lineia isto como<br />

um princípio estabelecido, ou seja: “Todo aquele que invocar o nome<br />

do Senhor será salvo.” E então acrescenta que é impossível alguém<br />

invocá-lo até que o conheça mediante a pregação do evangelho. Visto,<br />

porém, que aos ju<strong>de</strong>us parecia que Paulo cometia certo gênero <strong>de</strong> sacrilégio<br />

ao publicar a promessa <strong>de</strong> salvação aos gentios, ele pergunta<br />

se os gentios mesmos não tinham ouvido. E respon<strong>de</strong>, citando esta<br />

passagem, <strong>de</strong> que havia uma escola aberta e acessível a eles, na qual<br />

pu<strong>de</strong>ssem apren<strong>de</strong>r a temer a Deus e a servi-lo, visto que “a escrita 9<br />

dos céus avança por toda a terra, e suas palavras até aos confins do<br />

mundo” [Rm 10.18]. Paulo, porém, não podia ainda dizer que realmente<br />

a voz do evangelho foi ouvida pelo mundo inteiro pelos lábios dos<br />

apóstolos, uma vez que ele havia até então alcançado apenas uns poucos<br />

paí ses. A pregação dos <strong>de</strong>mais apóstolos certamente não havia<br />

então se estendido para além das partes mais distantes do mundo,<br />

senão que estava confinada <strong>de</strong>ntro das fronteiras da Judéia.<br />

Não é difícil <strong>de</strong> se compreen<strong>de</strong>r o propósito do apóstolo. Ele tencionava<br />

dizer que Deus, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos antigos, ma nifestara sua<br />

glória aos gentios, e que tal fato era o prelúdio àquela instrução mais<br />

ampla que um dia lhes seria publicada. E embora o povo eleito <strong>de</strong><br />

Deus, por algum tempo, estivera numa condição distinta e separada<br />

da dos gentios, não se <strong>de</strong>ve achar estranho que Deus por fim se fizesse<br />

conhecido indiscriminadamente a ambos, visto que até então ele os<br />

unira a si por certos meios que eram comuns a ambos. Como Paulo<br />

diz em outra passagem: quando Deus “nos tempos passados permitiu<br />

que todas as nações andassem em seus próprios cami nhos” [At 14.16].<br />

Don<strong>de</strong> concluímos que, os que têm imaginado que Paulo apartou-se<br />

do sentido genuíno e próprio das palavras <strong>de</strong> Davi estão grosseiramente<br />

equivocados. O leitor enten<strong>de</strong>rá esse fato ainda mais claramente,<br />

9 Paulo usa “seu som”, citando a Septuaginta, versão do Velho Testamento então primordialmente<br />

em uso, e emprega aqui a palavra fqo,ggoj.

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