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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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246 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

senso <strong>de</strong> pudor, é uma evidência <strong>de</strong> que já lançaram <strong>de</strong> si todo e qualquer<br />

temor <strong>de</strong> Deus.<br />

O salmista diz que eles falam em seu coração. É provável que não<br />

pronunciassem esta <strong>de</strong>testável blasfêmia com seus próprios lábios:<br />

Não há Deus! Mas a <strong>de</strong>senfreada licenciosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua vida em alto<br />

som e distintamente <strong>de</strong>clara que em seus corações, que se encontram<br />

<strong>de</strong>stituídos <strong>de</strong> toda e qualquer pieda<strong>de</strong>, suavemente cantam a<br />

si próprios este cântico. Não que confessem, <strong>de</strong>lineando argumentos<br />

ou silogismos formais, como o chamam, que não existe nenhum Deus<br />

(pois para torná-los ainda mais inescusáveis, Deus <strong>de</strong> tempo em tempo<br />

faz até mesmo os mais perversos dos homens sentirem secretas punções<br />

em sua consciência, para que sejam compelidos a reconhecer sua<br />

majesta<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r soberano); mas qualquer conhecimento certo que<br />

Deus instile neles, em parte o abafam com sua malícia lançada contra<br />

ele, e em parte o corrompem, até que a religião neles se torne insípida<br />

e, por fim, morta. É provável que não neguem a existência <strong>de</strong> Deus <strong>de</strong><br />

maneira franca, mas o imaginam como que recluso no céu e <strong>de</strong>stituído<br />

<strong>de</strong> justiça e po<strong>de</strong>r; e esse comportamento equivale a formação <strong>de</strong><br />

um ídolo no lugar <strong>de</strong> Deus. Como se nunca chegasse o tempo quando<br />

terão <strong>de</strong> comparecer diante <strong>de</strong>le para juízo, 4<br />

empenham-se, em todas<br />

as transações e preocupações <strong>de</strong> sua vida, por removê-lo para mais<br />

longe possível e apagar <strong>de</strong> suas mentes toda e qualquer noção <strong>de</strong> sua<br />

majesta<strong>de</strong>. 5<br />

E quando Deus é arrancado <strong>de</strong> seu trono e <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong><br />

seu caráter <strong>de</strong> juiz, então a impieda<strong>de</strong> alcança seu apogeu; e, portanto,<br />

<strong>de</strong>vemos concluir que Davi se expressou acertadamente segundo a<br />

4 Alguns críticos observam que, como hwhy,Yehovah, o nome que <strong>de</strong>nota a essência autoexistente<br />

e infinita <strong>de</strong> Deus, não é a palavra aqui empregada, e, sim, shwla, um nome que consi<strong>de</strong>ram<br />

como que referindo-se a Deus como juiz e governante do mundo, o significado do primeiro<br />

versículo não é que o néscio negue a existência <strong>de</strong> Deus, mas somente sua providência e governo<br />

do mundo; que ele se persua<strong>de</strong> <strong>de</strong> que Deus não se preocupa com as ações dos homens, e que<br />

nenhum juízo se estabelecerá; e, portanto, prossegue no pecado, na espe rança <strong>de</strong> escapar impunemente.<br />

– Veja-se Poole’s Synopsis Criticorum. O Targum parafraseia as palavras, “Não há Deus”,<br />

assim: “Não há nenhum sytwla, go verno, <strong>de</strong> Deus na terra.”<br />

5 “Et abolir <strong>de</strong> leurs esprits toute apprehension <strong>de</strong> sa majeste.” – v.f.

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