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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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390 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

se acha estabelecida na lei. E assim suce<strong>de</strong>rá que todos, do menor ao<br />

maior, visto que se acham privados <strong>de</strong> toda e qualquer esperança <strong>de</strong><br />

recompensa prove niente da lei, sentir-se-ão constrangidos a buscar<br />

refúgio na mercê divina. Não basta consi<strong>de</strong>rar o que a doutrina da lei<br />

contém; <strong>de</strong>vemos também olhar para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós, a fim <strong>de</strong> vermos<br />

quão pouca obediência temos exercido para com a lei. Sempre que os<br />

papistas ouvem esta promessa: “Aquele que pra tica essas coisas por<br />

elas viverá” [Lv 18.5], não hesitam a imediatamente conectar vida eterna<br />

com o mérito proce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> suas obras, como se estivesse em seu<br />

próprio po<strong>de</strong>r cumprir a lei, da qual somos todos transgressores, não<br />

só num ponto, mas em todas as suas partes. Davi, pois, sentindo-se<br />

emaranhado como se estivesse circundado por um labirinto, reconhece<br />

com espanto que se acha tragado pela consciência da multidão<br />

<strong>de</strong> seus pecados. Devemos, pois, lembrar em primeiro lugar que, visto<br />

estarmos <strong>de</strong>stituídos daquela justiça que a lei requer, estamos, por<br />

isso, excluídos da esperança <strong>de</strong> receber o galardão que a lei prometera.<br />

E, em segundo lugar, que somos culpados perante Deus, não <strong>de</strong><br />

uma falta ou <strong>de</strong> duas, mas <strong>de</strong> pecados inumeráveis, <strong>de</strong> modo que <strong>de</strong>vemos,<br />

com a mais amarga tristeza, <strong>de</strong>plorar nossa <strong>de</strong>pravação, a qual<br />

não só nos priva da bênção divina, mas também converte nossa vida<br />

em morte. Isso Davi fez. Indubitavelmente, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> haver dito que<br />

Deus liberalmente oferece uma recompensa a todos quantos observarem<br />

sua lei, então pergunta: Quem po<strong>de</strong> discernir seus erros?, movido<br />

pelo terror <strong>de</strong> pon<strong>de</strong>rar sobre seus pecados.<br />

Pela palavra hebraica, twayg? (shegioth), a qual traduzimos por<br />

erros, alguns crêem que Davi quer dizer as faltas menores. Em minha<br />

opinião, porém, sua intenção era simplesmente dizer que Satanás<br />

possui tantos engenhos pelos quais ilu<strong>de</strong> e cega nossas mentes, que<br />

não há sequer uma pessoa que conheça uma centésima parte <strong>de</strong><br />

seus próprios pecados. Os santos, é verda<strong>de</strong>, às vezes ofen<strong>de</strong>m em<br />

questões mínimas, movidos por ignorância e inadvertência. Mas suce<strong>de</strong><br />

também que, vendo-se emaranhados nas malhas <strong>de</strong> Satanás, não<br />

percebem mesmo as mais grosseiras faltas que estão a cometer. Con-

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