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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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<strong>Salmos</strong> 24 • 479<br />

do <strong>de</strong> um lugar a outro, era semelhante a um homem que vive a vagar.<br />

Contudo, quando o monte Sião foi escolhido, e o templo construído,<br />

Deus então começou a ter ali uma morada <strong>de</strong>finida e fixa.<br />

Com a vinda <strong>de</strong> Cristo, essa sombra visível se <strong>de</strong>svaneceu, e portanto<br />

não é <strong>de</strong> admirar que o templo não mais seja visto sobre o monte<br />

Sião, já que ele é agora tão imenso que ocupa o mundo inteiro. Se se<br />

objetar que ao tempo do cativeiro babilônico os portões que Salomão<br />

construíra foram <strong>de</strong>molidos, minha resposta é que o <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> Deus<br />

permanece inabalável, não obstante temporariamente tenha sido<br />

<strong>de</strong>struído. E apesar disso, o templo foi logo <strong>de</strong>pois reconstruído; era<br />

como se tivesse continuado sempre inteiro.<br />

A Septuaginta, por ignorância, corrompeu este texto. 12 A palavra<br />

hebraica, ראשים (rashim), a qual traduzimos por cabeças, é<br />

indubitavelmente às vezes tomada metaforicamente por príncipes;<br />

mas o pronome vossas, que é aqui anexado a ela, sobejamente <strong>de</strong>monstra<br />

que não po<strong>de</strong>mos extrair <strong>de</strong>la outro sentido senão este: que<br />

os portões ergam suas cabeças, caso contrário diríamos: Vós, príncipes.<br />

Por isso alguns concluem que os reis e magistrados são aqui<br />

admoestados quanto ao seu <strong>de</strong>ver que é o <strong>de</strong> abrir um caminho para<br />

a entrada <strong>de</strong> Deus. Essa é uma interpretação plausível, mas se afasta<br />

<strong>de</strong>mais do <strong>de</strong>sígnio das palavras do profeta. Acima <strong>de</strong> tudo, à luz do<br />

sentido natural das palavras, po<strong>de</strong>mos perceber quão tola e vilmente<br />

os papistas têm abusado <strong>de</strong>sta passagem para a confirmação da grosseira<br />

e ridícula noção pela qual introduzem Cristo como que batendo<br />

12 A Septuaginta tem “Aρατε πύλὰς οἱ ἄρχοντες ὑμῶν”, que se po<strong>de</strong> traduzir assim: “Vós, príncipes,<br />

erguei vossos portões.” A redação da Vulgata é semelhante: “Attollite portas principes vestras.”<br />

E assim é também a da Arábica e Etiópica. Mas tal tradução, como o observa Calvino com toda<br />

razão, é inadmissível; pois, no texto hebraico, o afixo כם (kem), vós, é associado a ראשי (rashey),<br />

cabeças, e não a שערים (shearim), portões. Contudo, embora a redação da Septuaginta possa ser<br />

traduzida da forma como supra: “Vós, príncipes, erguei vossos portões”, o pensamento <strong>de</strong> Hammond<br />

é mais provável, ou seja, que os tradutores verteram oἱ ἄρχοντες ὑμῶν, vós, príncipes, para<br />

representar ראשיכם (rashekem), vossas cabeças, invertendo, por equívoco, a construção da frase,<br />

<strong>de</strong> modo a formar esta redação: “Vossas cabeças, ou príncipes, erguei os portões”, em vez <strong>de</strong>:<br />

“Vós, portões, erguei vossas cabeças.”

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