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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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14 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

Este princípio hermenêutico não tem como ser excessivamente<br />

apreciado. Em primeiro lugar, ele <strong>de</strong>ve pren<strong>de</strong>r a atenção do comentarista;<br />

e quando é negligenciado, o princípio fundamental da crítica<br />

sacra é violado. Calvino estava sempre e profundamente atento à sua<br />

importância. Seu único <strong>de</strong>feito está em sua influência para restringir<br />

<strong>de</strong>masiadamente. Muitos dos <strong>Salmos</strong>, além do sentido literal, contêm<br />

também o sentido profético, evangélico e espiritual. Ao mesmo tempo<br />

que têm uma referência primária a Davi e à nação <strong>de</strong> Israel, apontam<br />

também para Cristo e a Igreja do Novo Testamento, fundado no fato<br />

<strong>de</strong> que a primeira referência era típica da última. Calvino, aliás, explica<br />

alguns dos <strong>Salmos</strong> com base neste princípio. Ele, porém, aplica o<br />

princípio menos freqüentemente do que po<strong>de</strong>ria ter feito sem violar<br />

os cânones da sã hermenêutica. Sua profunda aversão pelo método<br />

místico <strong>de</strong> interpretação e pelo absurdo e extensão extravagante a que<br />

foi levado pelos Pais, talvez o tenha feito correr para o outro extremo<br />

<strong>de</strong> limitar <strong>de</strong>masiadamente sua atenção ao sentido literal e dirigir sua<br />

atenção pouco <strong>de</strong>mais para o caráter profético e espiritual do Livro e<br />

para a referência que o mesmo faz a Cristo e à Igreja. Em conseqüência<br />

<strong>de</strong> tal fato, suas exposições contêm menos unção e são menos ricas<br />

<strong>de</strong> sentimento evangélico do que <strong>de</strong> outra forma seriam. Há, contudo,<br />

dois princípios da verda<strong>de</strong> evangélica que ele se empenha por inculcar<br />

sempre que alguma oportunida<strong>de</strong> se lhe apresente – a doutrina da<br />

justificação pela fé em Cristo sem as obras da lei; e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

santida<strong>de</strong> pessoal para a salvação.<br />

Outra excelência do presente <strong>Comentário</strong> está em seu caráter prático.<br />

O autor não se limita a ari<strong>de</strong>z e a <strong>de</strong>talhes insossos <strong>de</strong> meros<br />

exercícios gramaticais, como se estivesse comentando algum clássico<br />

grego ou romano. Ele direciona todas as suas explanações a questões<br />

práticas, e assim sua obra exibe uma feliz combinação <strong>de</strong> observações<br />

críticas e filosóficas com exposição prática.<br />

Aqui, uma vez mais, encontramos patenteado o raciocínio sadio<br />

e penetrante pelo qual Calvino tem sido universalmente admirado. Tal<br />

fato se manifesta na judiciosa seleção que ele faz <strong>de</strong>ntre uma enorme

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