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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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148 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

[vv. 3, 4]<br />

Quando vejo teus céus, obras <strong>de</strong> teus <strong>de</strong>dos, a lua e as estrelas que or<strong>de</strong>naste,<br />

que é o homem, 17 para que te lembres <strong>de</strong>le? E o filho do homem, para<br />

que o visites? 18<br />

Como a partícula hebraica, yk (ki), às vezes tem o mesmo significado<br />

<strong>de</strong> por causa ou porque, e simplesmente afirma uma coisa, tanto<br />

os pais gregos quanto os latinos têm geralmente lido o versículo quatro<br />

como se fosse uma frase em si mesma completa. Indubitavelmente,<br />

porém, ela se acha estreitamente conectada ao versículo seguinte;<br />

e, portanto, os dois versículos <strong>de</strong>vem ser mantido juntos. O termo<br />

hebraico, yk (ki), po<strong>de</strong> ser mui apropriadamente traduzido na partícula<br />

disjuntiva, embora, ainda que, fazendo o sentido ser este: Embora<br />

a majesta<strong>de</strong> infinita <strong>de</strong> Deus se manifeste nos corpos celestes, e logicamente<br />

mantenha os olhos humanos postos na contemplação <strong>de</strong>la,<br />

todavia sua glória é vista <strong>de</strong> uma maneira especial, a saber, no imenso<br />

favor com que sustenta os homens e na munificência que manifesta<br />

para com eles. Esta interpretação não estaria em oposição com o escopo<br />

da passagem; mas prefiro antes seguir a opinião geralmente aceita.<br />

Meus leitores, contudo, <strong>de</strong>vem precaver-se em <strong>de</strong>terminar o <strong>de</strong>sígnio<br />

do salmista, o qual consiste em acentuar, com esta comparação, a infinita<br />

benevolência <strong>de</strong> Deus; porque, na verda<strong>de</strong>, é algo grandioso o fato<br />

<strong>de</strong> o Criador do céu, cuja glória tanto é infinitamente imensa quanto<br />

nos arrebata com a mais sublime admiração, con<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma<br />

forma tão graciosa tomar cuidado da raça humana. Que o salmista<br />

traça esse contraste, po<strong>de</strong> inferir-se à luz da palavra hebraica, ?wna<br />

(enosh), a qual traduzimos por homem, e que expressa a fragilida<strong>de</strong><br />

humana, e não a alguma força ou po<strong>de</strong>r que o homem possua. 19<br />

Ve-<br />

17 “Alors je pense, Qu’est-ce <strong>de</strong> l’homme?” – v.f. “Então penso: que é o homem?”<br />

18 “Ou, as souvenance <strong>de</strong> luy?” – versão francesa marginal. “Ou, que te preocupes com ele?”<br />

19 A outra frase pela qual o homem é <strong>de</strong>scrito, ~da !k, ben Adam, é literalmente o filho <strong>de</strong> Adão<br />

– homem, o filho <strong>de</strong> Adão, e que, como ele, é formado do pó e da terra, como o <strong>de</strong>signativo Adão<br />

implica, homem, o filho do Adão apóstata e caído, e que é <strong>de</strong>pravado e culpado como ele. “Como

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