31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

532 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

firmemente nossos olhos neste aspecto, para que não se dê conosco<br />

o que ocorreu com os papistas que, por meio das mais <strong>de</strong>senfreadas<br />

invenções, impiamente transformaram Deus em tudo quanto saciasse<br />

suas astutas fantasias ou seus cérebros concebessem.<br />

9. Não ocultes <strong>de</strong> mim tua face. O salmista elegantemente prossegue<br />

na mesma forma <strong>de</strong> linguagem, mas com um significado diferente.<br />

A face <strong>de</strong> Deus é agora empregada para <strong>de</strong>screver os efeitos sensíveis<br />

<strong>de</strong> sua graça e favor; como se houvesse dito: Senhor, faz-me realmente<br />

experimentar que estás sempre perto <strong>de</strong> mim e me permites claramente<br />

contemplar teu po<strong>de</strong>r em me salvar. Que observemos bem a distinção<br />

entre o conhecimento teórico <strong>de</strong>rivado da Palavra <strong>de</strong> Deus e o que é <strong>de</strong>nominado<br />

<strong>de</strong> conhecimento experimental <strong>de</strong> sua graça. Pois visto como<br />

Deus se revela presente em ação (como costuma-se dizer), ele <strong>de</strong>ve ser<br />

primeiramente buscado em sua Palavra. A cláusula que se segue: em<br />

tua ira, não lances fora a teu servo, alguns intérpretes ju<strong>de</strong>us apresentam<br />

uma forma muito forçada, ou seja: Não permitas que teu servo seja<br />

imerso nas ímpias preocupações <strong>de</strong>ste mundo, as quais nada são senão<br />

ira e loucura. Eu, contudo, prefiro traduzir o termo hebraico, hfn (natah),<br />

como muitos o traduzem, a saber: voltar-se <strong>de</strong>, ou afastar-se. Seu<br />

significado é mais provável interpretado assim: Não <strong>de</strong>ixes teu servo<br />

inclinar-se para a ira. Quando uma pessoa é completamente abandonada<br />

por Deus, ela não po<strong>de</strong> fazer nada além <strong>de</strong> ser agitada em seu íntimo<br />

por pensamentos murmurantes, irrompendo-se em manifestações <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sprazer e ira. Se alguém porventura concluir que Davi agora antecipa<br />

esta tentação, não objeto, pois não era sem razão que ele se visse acometido<br />

<strong>de</strong> impaciência, a qual nos enfraquece e nos faz ir além dos limites<br />

da razão. Quanto a mim, porém, sigo a primeira explicação, confirmada<br />

pelas duas palavras que se seguem; e assim o termo ira introduz uma<br />

tácita confissão <strong>de</strong> pecado; porque, embora Davi reconheça que Deus<br />

po<strong>de</strong>ria, com razão, <strong>de</strong>ixá-lo cair, ele <strong>de</strong>plora sua ira. Além do mais, ao<br />

recordar dos primeiros favores <strong>de</strong> Deus, ele se anima na esperança <strong>de</strong><br />

receber mais, e com este argumento convence a Deus a continuar com<br />

seu auxílio e a não <strong>de</strong>ixar sua obra incompleta.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!