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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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442 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

tames da justiça. Outros a explicam assim: Davi se queixa <strong>de</strong> que seu<br />

corpo estava tão <strong>de</strong>finhado e abatido, que os ossos pareciam projetarse<br />

<strong>de</strong> todas as partes <strong>de</strong>le; pois acrescentam imediatamente que seus<br />

inimigos se regalaram ao vê-lo em tão miserável condição. Portanto as<br />

duas cláusulas do versículo são lindamente conectadas uma à outra.<br />

A cruelda<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus inimigos era tão insaciável que, contemplando<br />

um homem em estado <strong>de</strong> miséria e arrasado pela tristeza, bem como<br />

consu mido pelo <strong>de</strong>sgosto, enchiam-se <strong>de</strong> <strong>de</strong>leite, arregalando seus<br />

olhos <strong>de</strong> satisfação diante <strong>de</strong> um espetáculo tão <strong>de</strong>plorável.<br />

O que se segue no próximo versículo, relativo a suas vestes, é <strong>de</strong><br />

cunho metafórico. É como se quisesse dizer que todos os seus bens se<br />

transformaram em presa para seus inimigos, à semelhança dos vencedores<br />

que costumavam saquear os vencidos ou dividir o espólio entre<br />

si, lançando sortes para <strong>de</strong>terminar a parte que cabia a cada um. Comparando<br />

seus ornamentos, suas riquezas e tudo quanto possuía, com<br />

suas vestes, ele se queixa <strong>de</strong> que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> haver sido espoliado <strong>de</strong><br />

tudo, seus inimigos o dividiram entre si como se faz com um butim,<br />

se guido <strong>de</strong> escárnio contra ele; e com esse escárnio a vilania <strong>de</strong> sua<br />

conduta era agravada, visto que triunfavam contra ele, como se já fosse<br />

um homem morto. Os Evangelistas citaram este texto com todas<br />

as letras, como dizemos, e sem figura; e não houve absurdo algum em<br />

tal procedimento. Com o intuito <strong>de</strong> ensinar-nos com a máxima clareza<br />

que neste Salmo Cristo nos é <strong>de</strong>scrito pelo Espírito <strong>de</strong> profecia, o Pai<br />

celestial pretendia que na pessoa <strong>de</strong> seu Filho aqueles fatos seriam<br />

visivelmente concretizados, os quais foram prefigurados em Davi.<br />

Mateus [8.16-17], ao narrar que o paralítico, o cego e o coxo foram<br />

curados <strong>de</strong> suas enfermida<strong>de</strong>s, diz que isso foi feito “para que se cumprisse<br />

o que fora dito por Isaías, o profeta, dizendo: Ele tomou sobre<br />

si nossas enfermida<strong>de</strong>s, e levou nossas dores”. Ainda que o profeta,<br />

nessa passagem, tenha posto diante <strong>de</strong> nós o Filho <strong>de</strong> Deus no caráter<br />

<strong>de</strong> um médico espiritual. Somos em extremo morosos e tímidos para<br />

crermos; e não nos admira que, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> nosso embotamento<br />

<strong>de</strong> mente, a <strong>de</strong>monstração do caráter <strong>de</strong> Cristo, palpável aos nossos

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