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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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<strong>Salmos</strong> 13 • 239<br />

<strong>de</strong> expressão aqui empregada equivale o mesmo que se houvera posto<br />

a misericórdia divina em primeiro lugar, e então lhe acrescentasse sua<br />

assistência, visto que Deus, então, nos ouve quando, tendo compaixão<br />

<strong>de</strong> nós, se move e se induz a socorrer-nos. Iluminar os olhos, no idioma<br />

hebraico, significa o mesmo que soprar o fôlego <strong>de</strong> vida, porquanto o<br />

vigor da vida transparece principalmente nos olhos. É neste sentido que<br />

Salomão diz: “O pobre e o usurário se encontram; o Se nhor ilumina os<br />

olhos <strong>de</strong> ambos” [Pv 29.13]. E quando Jônatas <strong>de</strong>sfalecia <strong>de</strong> fome, a história<br />

sacra relata que seus olhos ficaram ofuscados, sem brilho; e assim<br />

que provou do mel, seus olhos voltaram a brilhar [1 Sm 14.27]. O verbo<br />

adorme cer, dormir, como usado nesta passagem, é uma metáfora <strong>de</strong> um<br />

tipo semelhante ao usado para morrer. Em suma, Davi confessa que, a não<br />

ser que Deus faça a luz da vida brilhar nele, seria imediatamente tragado<br />

pelas trevas da morte, e que ele já se assemelha a um homem sem vida, a<br />

não ser que Deus sopre nele o hálito <strong>de</strong> um novo vigor. E indubitavelmente<br />

nossa confiança <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> disto: que embora o mundo nos ameace<br />

com mil mortes, Deus possui infindáveis meios <strong>de</strong> restaurar-nos à vida. 4<br />

4. Para que meu inimigo. Davi uma vez mais reitera o que dissera<br />

um pouco antes concernente à soberba <strong>de</strong> seus inimigos, ou seja,<br />

quão escabroso seria transformar o caráter <strong>de</strong> Deus no <strong>de</strong> alguém que<br />

pu<strong>de</strong>sse abandonar seu servo à zombaria dos ímpios. Os inimigos <strong>de</strong><br />

Davi se põem, por assim dizer, <strong>de</strong> emboscada, aguardando a hora <strong>de</strong><br />

sua ruína, para que pu<strong>de</strong>ssem ridicularizá-lo quando o vissem cair. E<br />

visto que é a função peculiar <strong>de</strong> Deus reprimir a audácia e insolência<br />

dos perversos, tão prontamente se gloriem em sua perversida<strong>de</strong>, Davi<br />

suplica a Deus que os prive da oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entregarem-se a tal ostentação.<br />

Deve, contudo, observar-se que ele tinha em sua consciência<br />

um testemunho consistente <strong>de</strong> sua própria integrida<strong>de</strong>, e que também<br />

confiava na generosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua causa, <strong>de</strong> modo que teria sido inconveniente<br />

e ilógico que fosse ele <strong>de</strong>ixado sem socorro e em perigo <strong>de</strong><br />

vida, bem como houvesse sido entregue aos seus inimigos. Só po<strong>de</strong>-<br />

4 “Toutesfois Dieu ha en main <strong>de</strong>s moyens infinis <strong>de</strong> nous restablir en vie.” – v.f.

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