31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

392 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

sas, se acha carregado <strong>de</strong> pecados dos quais ele tem consciência <strong>de</strong><br />

ser culpado, e por conta dos quais sua própria consciência o compele<br />

a julgar-se e a con<strong>de</strong>nar-se? Além do mais, <strong>de</strong>vemos recordar que não<br />

somos culpados <strong>de</strong> apenas uma ofensa, mas estamos submersos numa<br />

imensa massa <strong>de</strong> impurezas. Quanto mais diligentemente alguém se<br />

examine, mais prontamente reconhecerá com Davi que, se Deus fosse<br />

pôr a <strong>de</strong>scoberto nossas faltas secretas, seria encontrado em nós<br />

um tão imenso abismo <strong>de</strong> pecados que não se encontraria, por assim<br />

dizer, nem fundo nem barranco; 26 pois ninguém será capaz <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> quantas formas é ele culpado aos olhos <strong>de</strong> Deus. Desse fato<br />

se faz evi<strong>de</strong>nte também que os papistas são fascinados e culpados<br />

da mais peçonhenta hipocrisia, quando preten<strong>de</strong>m que po<strong>de</strong>m fácil e<br />

rapidamente juntar num só pacote todos os seus pecados, e isso uma<br />

vez ao ano. O <strong>de</strong>creto do Concílio <strong>de</strong> Latrão or<strong>de</strong>na a cada um que confesse<br />

todos os seus pecados uma vez a cada ano, e ao mesmo tempo<br />

<strong>de</strong>clara que não há qualquer espe rança <strong>de</strong> perdão, senão mediante o<br />

assentimento a esse <strong>de</strong>creto. Conseqüentemente, os religiosos cegos,<br />

quando vão ao confessionário, murmuram seus pecados aos ouvidos<br />

do sacerdote, acreditando que fizeram tudo quanto lhes é requerido,<br />

como se pu<strong>de</strong>ssem contar nos <strong>de</strong>dos todos os pecados que cometeram<br />

durante todo o curso <strong>de</strong> um ano. Enquanto que, mesmo os santos,<br />

ao se examinarem <strong>de</strong>tidamente, dificilmente chegariam a conhecer a<br />

centésima parte <strong>de</strong> seus pecados, e assim, a uma só voz com Davi,<br />

<strong>de</strong>claram: Quem po<strong>de</strong> discernir seus erros? Tampouco alegarão que<br />

é bastante que cada um cumpra o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> computar seus pecados<br />

usando o máximo <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong>. Isso não ameniza, em qualquer<br />

grau, o absurdo <strong>de</strong>sse famoso <strong>de</strong>creto. 27<br />

Visto ser-nos impossível fazer o que a lei requer, todos aqueles,<br />

cujos corações estão real e profundamente imbuídos do princípio relativo<br />

ao temor <strong>de</strong> Deus, <strong>de</strong>vem necessariamente ser dominados pelo<br />

26 “Il se trouvera en nous un tel abysme <strong>de</strong> pechez, qu’il n’y aura ne fond ne rive, comme on<br />

dit.” – v.f.<br />

27 “Cela ne diminue en rien l’absurdite <strong>de</strong> ce beau <strong>de</strong>cret.” – v.f.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!