31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

160 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

externos, sem ter seus corações <strong>de</strong> alguma forma afetados; mas também<br />

reconhece que tudo quanto havia feito até agora que porventura<br />

fosse recomendável, procedia inteiramente da perfeita graça divina.<br />

Mesmo os homens sem religião, admito, quando consolidam alguma<br />

vitória memorável, se envergonham <strong>de</strong> haver <strong>de</strong>fraudado a Deus<br />

do louvor que lhe é <strong>de</strong>vido; mas percebemos que assim que tenham<br />

articulado uma só expressão <strong>de</strong> reconhecimento pela assistência divina<br />

recebida, imediatamente começam a vaidosamente gabar-se e<br />

a cantar triunfos em honra <strong>de</strong> seu próprio valor, como se não tivessem<br />

nenhuma obrigação em relação a Deus. Em suma, não passa <strong>de</strong><br />

zombaria quando professam que seus atos <strong>de</strong> heroísmo tiveram como<br />

fonte o auxílio divino; porque, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazer-lhe suas oferendas, passam<br />

a fazer oferendas a seus próprios conselhos, a sua habilida<strong>de</strong>, a<br />

sua coragem e a seus próprios recursos. Observe-se como o profeta<br />

Habacuque, sob a pessoa <strong>de</strong> um rei presunçoso, sabiamente reprova<br />

a ambição que é comum a todos [Hc 1.16]. Sim, <strong>de</strong>scobrimos que<br />

os famosos generais da iniqüida<strong>de</strong>, ao voltarem vitoriosos <strong>de</strong> alguma<br />

batalha, <strong>de</strong>sejavam que públicas e solenes ações <strong>de</strong> graças 6 fossem <strong>de</strong>cretadas<br />

em seu nome aos <strong>de</strong>uses, alimentando no coração qualquer<br />

coisa, menos prestar a <strong>de</strong>vida honra a suas falsas divinda<strong>de</strong>s; no entanto<br />

usavam seus nomes à guisa <strong>de</strong> falso pretexto a fim <strong>de</strong>, com isso,<br />

obter uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entregar-se a vãs ostentações, e a fim <strong>de</strong><br />

que sua própria bravura superior fosse reconhecida. 7<br />

Davi, portanto, com boas razões, afirma que ele era diferente dos<br />

filhos <strong>de</strong>ste mundo, cuja hipocrisia ou frau<strong>de</strong> é <strong>de</strong>scoberta pela perversa<br />

e <strong>de</strong>sonesta distribuição que fazem entre Deus eles próprios, 8<br />

arrogando para si a maior parte do louvor que pretendiam atribuir<br />

a Deus. Davi louvava a Deus <strong>de</strong> todo o seu coração, o que eles não<br />

faziam; pois certamente não está louvando a Deus <strong>de</strong> todo o coração<br />

aquele mortal que ousa apropriar-se da porção mínima da glória que<br />

6 “Processions.” – v.f.<br />

7 “Afin que leurs belles prouesses veissent en cognoissance.” – v.f.<br />

8 “Qu’ils font entre Dieu et eux.” – v.f.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!