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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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<strong>Salmos</strong> 29 • 551<br />

óbvio que a LXX, ao fazer a tradução: filhos <strong>de</strong> carneiros, 2 envolveu-se<br />

num equívoco pela afinida<strong>de</strong> das palavras hebraicas. 3 Com referência à<br />

importância da palavra, é verda<strong>de</strong>, os comentaristas ju<strong>de</strong>us são todos<br />

concor<strong>de</strong>s; mas quando se põem a falar <strong>de</strong> seu significado, a pervertem<br />

e a obscurecem com comentários insípidos. Alguns a aplicam<br />

aos anjos, 4<br />

outros às estrelas; e ainda outros dirão que se refere aos<br />

gran<strong>de</strong>s homens ou aos santos pais. Davi, porém, apenas tencionava<br />

humilhar os príncipes <strong>de</strong>ste mundo que, intoxicados <strong>de</strong> soberba, exaltavam<br />

suas coroas contra Deus. Esta, conseqüentemente, é a razão<br />

por que ele introduz Deus com uma voz terrificante subjugando esses<br />

gigantes empe<strong>de</strong>rnidos e obstinados com trovões, granizos, tempesta<strong>de</strong>s<br />

e relâmpagos, os quais, se não forem abalados com terror, se<br />

recusarão a temer a qualquer po<strong>de</strong>r celestial. Vemos, pois, por que,<br />

<strong>de</strong>sviando-se <strong>de</strong> outros, ele dirige seu discurso particularmente aos<br />

filhos dos po<strong>de</strong>rosos. A razão é que não lhes há nada mais comum do<br />

que abusarem <strong>de</strong> sua extraordinária condição pela prática <strong>de</strong> feitos<br />

ímpios, enquanto que <strong>de</strong>svairadamente arrogam para si toda prerrogativa<br />

divina. Pelo menos para que se submetam humil<strong>de</strong>mente a Deus<br />

e, cônscios <strong>de</strong> sua fragilida<strong>de</strong>, coloquem sua <strong>de</strong>pendência na graça<br />

divina, é necessário, por assim dizer, compeli-los pela força. Davi, pois,<br />

or<strong>de</strong>na-lhes que tributem força a Jehovah, porque, iludidos por suas<br />

2 Toda a redação do versículo na Septuaginta é: “VEne,gkate tw| Kuri,w| u`‘ioi. Qeou/( ene,gkate tw|/<br />

Kuri,w| u`‘iou.j kriw/n” “Trazei ao Senhor, vós, filhos <strong>de</strong> Deus, trazei ao Senhor cor<strong>de</strong>iros.” Daí a LXX,<br />

como não é natural em outros lugares, traduz as palavras por: “vós, filhos dos po<strong>de</strong>rosos”, duas<br />

vezes; primeiramente, no caso vocativo, intitulando-os: ‘Uioi. Qeou, vós, filhos <strong>de</strong> Deus, e a seguir no<br />

caso acusativo, u`‘iou.j kriw/n, cor<strong>de</strong>iros, sendo aparentemente duvidoso que a tradução fosse correta,<br />

e, portanto, suprime a ambas. A Vulgata, a Arábica e a Etiópica a seguem literalmente. Jerônimo<br />

também traduz: “Afferte Domino filios arietum”; embora não apresente uma dupla tradução das<br />

palavras originais. A tradução correta, porém, não temos dúvida <strong>de</strong> ser esta: “vós, filhos dos po<strong>de</strong>rosos”;<br />

a qual é uma expressão idiomática hebraica para “Vós, po<strong>de</strong>rosos”, ou “Vós, príncipes”;<br />

e o escritor inspirado dirige a eles um convite ao reconhecimento e adoração a Deus, partindo <strong>de</strong><br />

sua majesta<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r nos prodígios da natureza.<br />

3 A palavra hebraica que Calvino traduz por “po<strong>de</strong>rosos” é ~yla, elim, palavra esta que significa<br />

<strong>de</strong>uses. A palavra hebraica, ~ylya, eylim, que significa carneiros, é muito semelhante, tendo<br />

apenas um yod adicional y, e esta letra às vezes termina em sobstantivos.<br />

4 As paráfrases caldaicas trazem: “A assembléia dos anjos, filhos <strong>de</strong> Deus”, significando anjos<br />

<strong>de</strong> Deus.

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