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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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<strong>Salmos</strong> 28 • 543<br />

transgredido não apenas uma vez, nem por curto espaço <strong>de</strong> tempo,<br />

nem <strong>de</strong> uma só forma, senão que foram tão longe em seus constantes<br />

malfeitos, que não era mais possível suportar sua audácia. Sabemos<br />

quão importuno e triste é ver o procedimento dos ímpios, sem medida<br />

e sem fim, como se Deus fosse conivente com sua perversida<strong>de</strong>. Davi,<br />

pois, exausto como estava com o exercício contínuo da paciência, e<br />

<strong>de</strong>sfalecendo sob a carga [que carregava], implora a Deus, em toda a<br />

extensão, que refreasse a <strong>de</strong>vassidão <strong>de</strong> seus inimigos, os quais não<br />

cessavam um instante sequer <strong>de</strong> amontoar perversida<strong>de</strong> sobre perversida<strong>de</strong>.<br />

E assim percebemos que não existe nada <strong>de</strong> supérfluo neste<br />

versículo, quando às obras ele acrescenta a perversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus feitos<br />

e o operar <strong>de</strong> suas mãos, e por três vezes ele roga que recebessem<br />

a recompensa que mereciam. Acrescente-se a isso, que ele ao mesmo<br />

tempo dá testemunho <strong>de</strong> sua própria fé, exibição esta à qual os hipócritas<br />

às vezes compelem os filhos <strong>de</strong> Deus, enquanto, através <strong>de</strong> suas<br />

frau<strong>de</strong>s e cavilações, impõem os critérios do mundo. Vemos como os<br />

homens que se distinguem por sua perversida<strong>de</strong>, não satisfeitos com<br />

sua impunida<strong>de</strong>, não conseguem abster-se <strong>de</strong> pressionar o inocente<br />

com falsas acusações, justamente como o lobo que, <strong>de</strong>sejoso <strong>de</strong> fazer<br />

dos cor<strong>de</strong>iros uma presa, 4 segundo um provérbio popular, os acusava<br />

<strong>de</strong> turvar as águas.<br />

Davi é portanto compelido por essa exigência a invocar a Deus<br />

para que o protegesse. Aqui uma vez mais ocorre a difícil questão <strong>de</strong><br />

se orar por vingança, a qual resolverei em poucas palavras, como já<br />

a examinei alhures. Em primeiro lugar, pois, é inquestionável que, se<br />

a carne nos move a buscar vingança, tal <strong>de</strong>sejo é perverso aos olhos<br />

<strong>de</strong> Deus. Ele não só nos proíbe <strong>de</strong> imprecarmos o mal sobre nossos<br />

inimigos como vingança por injúrias pessoais; e não po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong><br />

outra forma, porquanto todos os <strong>de</strong>sejos que emanam do ódio são<br />

sentimentos <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nados. O exemplo <strong>de</strong> Davi, portanto, não <strong>de</strong>ve<br />

ser alegado por aqueles que se <strong>de</strong>ixam levar por suas próprias pai-<br />

4 “Voulant <strong>de</strong>vorer les agneaux.” – v.f.

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