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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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566 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

compaixão te recolherei” [Is 54.7]. Nossa condição neste mundo, confesso,<br />

nos envolve em <strong>de</strong>sgraças tais, e somos atormentados com uma<br />

tal varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aflições, que dificilmente um dia transcorra sem algum<br />

problema ou tristeza. Além do mais, em meio a eventos tantos<br />

e incertos, não po<strong>de</strong>mos viver <strong>de</strong> outra forma senão cotidianamente<br />

cheios <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong> e temor. Portanto, por on<strong>de</strong> quer que os homens<br />

se volvam, um labirinto <strong>de</strong> males os cerceia. Mas, por mais que Deus<br />

terrifique e humilhe a seus servos fiéis, com inúmeros sinais <strong>de</strong> seu<br />

<strong>de</strong>sprazer, ele sempre os esparge com a doçura <strong>de</strong> seu favor com o fim<br />

<strong>de</strong> mitigar e suavizar suas tristezas. Portanto, se eles pesarem a ira e o<br />

favor divinos numa balança <strong>de</strong> precisão, haverão sempre <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir<br />

ser verídico que, enquanto aquela não dura mais que um momento,<br />

este continua até ao fim da vida; não! vai além <strong>de</strong>la, pois é um grave<br />

erro confinar o favor divino <strong>de</strong>ntro das fronteiras <strong>de</strong>sta vida transitória.<br />

E é inquestionavelmente certo 9<br />

que ninguém, senão aqueles cuja<br />

mente se eleva acima <strong>de</strong>ste mundo pela prelibação da vida celestial realmente<br />

experimentam essa perpétua e ininterrupta manifestação do<br />

favor divino, a qual os capacita a suportar seus castigos com real prazer.<br />

Paulo, por conseguinte, para que nos inspirasse com invencível<br />

paciência, o refere em 2 Coríntios 4.17,18: “Porque nossa leve e momentânea<br />

tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente<br />

um eterno peso <strong>de</strong> glória, não atentando nós nas coisas que se vêem,<br />

mas, sim, nas que se não vêem.” Entrementes, é preciso observar-se<br />

que Deus nunca inflige castigos por <strong>de</strong>mais pesados e contínuos sobre<br />

seu povo, sem freqüentemente mitigá-los e adocicar seu amargor<br />

com alguma dose <strong>de</strong> consolação. Portanto, quem quer que dirija sua<br />

mente a meditar na vida celestial, jamais <strong>de</strong>sfalecerá em suas aflições,<br />

por mais que estas durem; e, comparando-as com os imensuráveis e<br />

multiformes favores divinos para com ele, Davi atribui honra a estes,<br />

julgando que a benevolência divina, em seu valor intrínseco, exce<strong>de</strong><br />

muitíssimo, centuplicadamente, o <strong>de</strong>sprazer divino. Na segunda cláu-<br />

9 “Et <strong>de</strong> faict, c’est un poinct tout resolu.” – v.f.

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