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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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<strong>Salmos</strong> 5 • 97<br />

pedir a Deus; 4<br />

mas há nesse gênero <strong>de</strong> expressão maior força do que<br />

se ele houvera falado distintamente. Ao não expressar os <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong><br />

seu coração, ele revela <strong>de</strong> forma mais enfática que seus sentimentos<br />

íntimos, os quais trouxe consigo à presença <strong>de</strong> Deus, eram tais que<br />

qualquer linguagem que usasse era insuficiente para expressá-los. Da<br />

mesma forma, o verbo clamar, que significa alta e sonora articulação<br />

da voz, serve para caracterizar a gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sejo. Davi não<br />

clamou como se fosse aos ouvidos <strong>de</strong> quem é surdo; senão que a veemência<br />

<strong>de</strong> sua tristeza, bem como o ímpeto <strong>de</strong> sua angústia interior,<br />

jorravam neste clamor. O verbo hgh (hagah), do qual se <strong>de</strong>riva o substantivo<br />

gygh (hagig), discurso, que o profeta usa aqui, significa tanto<br />

falar distintamente quanto sussurrar ou murmurar. O segundo sentido,<br />

porém, parece melhor ajustável a esta passagem. 5<br />

Depois <strong>de</strong> Davi ter<br />

dito em termos gerais que Deus ouve suas palavras, imediatamente<br />

a seguir, e com o propósito <strong>de</strong> ser mais específico, ele parece dividi-las<br />

em duas espécies, chamando a uma <strong>de</strong> gemidos obscuros ou<br />

indistintos, e à outra <strong>de</strong> clamor. 6 Pela primeira ele quer dizer um murmúrio<br />

confuso, tal como é <strong>de</strong>scrito no Cântico <strong>de</strong> Ezequias, quando o<br />

sofrimento o impedia <strong>de</strong> falar distintamente e <strong>de</strong> fazer sua voz audível.<br />

“Como a andorinha ou o grou, assim eu chilreava e gemia como<br />

a pomba” [Is 38.14]. Se, pois, em alguma ocasião, formos levados a<br />

orar relutantemente, ou nossas afeições <strong>de</strong>votas começarem a per<strong>de</strong>r<br />

seu fervor, que encontremos aqui os argumentos para reavivar-nos e<br />

impelir-nos para frente. E como, ao chamar Deus, meu Rei e meu Deus,<br />

ele tencionava nutrir mais vivas e favoráveis esperanças com respeito<br />

aos resultados <strong>de</strong> suas aflições, aprendamos a aplicar esses títulos a<br />

um uso semelhante, isto é, com o propósito <strong>de</strong> fazer-nos mais familiarizados<br />

com Deus. Finalmente, ele testifica que não se atormentava<br />

4 “Ce qu’il veut requerir a Dieu.” – v.f.<br />

5 O bispo Horne traduz as palavras <strong>de</strong> uma forma muito bela: “lamentos como <strong>de</strong> um pombo”,<br />

e o bispo Horsley: “suspirando”. “A palavra”, diz Hammond, “regularmente significa suspirar ou<br />

prantear, não em voz alta, audível, mas assim como um lamento.”<br />

6 “Il semble que puis apres, pour mieux specifier, il en met <strong>de</strong>ux sortes, appelant les unes<br />

Complaintes obscures, et les autres Cri.” – v.f.

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