31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Salmos</strong> 11 • 211<br />

ao ponto <strong>de</strong> não ser perturbado. Portanto, é justo que ele se queixe <strong>de</strong><br />

seus próprios compatriotas, pois nenhum <strong>de</strong>les se dignou oferecer-lhe<br />

abrigo durante o tempo em que era fugitivo. Creio, porém, que existe nesta<br />

história um aspecto mais elevado. Quando todos os homens estavam<br />

conten<strong>de</strong>ndo, por assim dizer, entre si para compeli-lo ao total <strong>de</strong>sespero,<br />

teria ele, segundo as fraquezas da carne, se afli gido com profunda e quase<br />

irresistível angústia mental; fortificado, porém, pela fé, confiada e prontamente<br />

apren<strong>de</strong>u das promessas divinas, e foi assim preservado <strong>de</strong> ce<strong>de</strong>r<br />

às tentações a que estivera exposto. Ele está a lembrar esses conflitos<br />

espi rituais com os quais Deus o exercitava em meio a perigos extremos.<br />

Conseqüentemente, como acabei <strong>de</strong> observar, o Salmo <strong>de</strong>ve ser dividido<br />

em duas partes. Antes <strong>de</strong> o salmista celebrar a justiça divina, a qual Deus<br />

exibe na preservação dos santos, enquanto parecia ir ao encontro da própria<br />

morte, no entanto, pela fé e retidão <strong>de</strong> consciência, ele alcançava<br />

vitória. Nesse ínterim todos os homens o advertiam a <strong>de</strong>ixar seu país e a<br />

retirar-se para algum lugar <strong>de</strong> exílio, on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>sse ocultar-se, já que ali<br />

não lhe restava qualquer esperança <strong>de</strong> vida, a menos que renunciasse ao<br />

reino que lhe havia sido prometido. No início do Salmo, ele contrasta esse<br />

perverso conselho com o escudo <strong>de</strong> sua confiança em Deus.<br />

Mas antes <strong>de</strong> penetrar mais no tema, interpretemos as palavras. A<br />

palavra dwn (nud), a qual traduzimos por fugir, está grafada no plural, e no<br />

entanto é lida no singular; 3 a meu ver, porém, essa é uma leitura adulterada.<br />

Visto que Davi nos diz que isso fora dito só a ele, os doutores <strong>de</strong>ntre<br />

os ju<strong>de</strong>us, crendo ser o plural inapropriado, passaram a ler a palavra no<br />

singular. Alguns <strong>de</strong>les, <strong>de</strong>sejando reter o sentido literal, como é chama-<br />

3 O pensamento <strong>de</strong> Calvino é que, segundo as letras hebraicas, o verbo está no plural, mas<br />

que, segundo a pontuação hebraica, a qual regula a leitura, está no singular. Piscator, em seu comentário<br />

sobre esta passagem, observa:“wdwn, nudi, segundo a pontuação, é singular e feminina e se<br />

refere à alma <strong>de</strong> Davi; segundo as letras, é plural, wdwn, nudu, e se refere a Davi e seus companheiros.<br />

Essa última leitura parece-me a mais apropriada, seja porque é seguida pelo relativo no plural,<br />

ou porque não parece ser um modo <strong>de</strong> expressão próprio e natural falar <strong>de</strong> pessoas dirigindo-se<br />

à alma <strong>de</strong> outras.” A frase, para minha alma, contudo, po<strong>de</strong> simplesmente significar para mim,<br />

sentido este freqüentemente usado na Escritura.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!