31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Salmos</strong> 22 • 423<br />

Quando o salmista afirma sentir-se abandonado e <strong>de</strong>stituído da presença<br />

<strong>de</strong> Deus, esta aparenta ser a queixa <strong>de</strong> um homem em profundo<br />

<strong>de</strong>sespero. Pois é possível que permaneça em alguém pelo menos uma<br />

única fagulha <strong>de</strong> fé, quando crê que não há em Deus socorro algum<br />

para ele? E no entanto, ao chamar a Deus, por duas vezes, <strong>de</strong> Deus<br />

meu, e ao <strong>de</strong>positar no seio divino seus gemidos, ele faz uma confissão<br />

mui distinta <strong>de</strong> sua fé. Com esse conflito íntimo, o crente piedoso<br />

necessariamente será exercitado toda vez que Deus retraia <strong>de</strong>le os<br />

emblemas <strong>de</strong> seu favor; <strong>de</strong> modo que, em toda e qualquer direção que<br />

volva seus olhos, nada vê senão a <strong>de</strong>nsa escuridão da noite. Digo que<br />

o povo <strong>de</strong> Deus, ao conten<strong>de</strong>r consigo mesmo, por um lado <strong>de</strong>scobre<br />

as <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s da carne, e por outro <strong>de</strong>monstra evidência <strong>de</strong> sua<br />

fé. Com respeito aos réprobos, visto que nutrem em seus corações<br />

<strong>de</strong>sconfiança para com Deus, sua perplexida<strong>de</strong> mental os abate até<br />

ao pó, e assim os incapacita a aspirarem a graça <strong>de</strong> Deus pela fé. Que<br />

Davi resistia os assaltos da tentação, sem se <strong>de</strong>ixar esmagar, ou sem se<br />

<strong>de</strong>ixar tragar por ela, po<strong>de</strong> facilmente <strong>de</strong>duzir-se <strong>de</strong> suas palavras. Ele<br />

fora profundamente oprimido pela dor; não obs tante isso, prorrompe<br />

em linguagem <strong>de</strong> certeza: Deus meu! Deus meu! – o que não po<strong>de</strong>ria ter<br />

feito sem resistir vigorosamente a apreensão contrária 6<br />

<strong>de</strong> que Deus<br />

o abandonara. Não existe um sequer <strong>de</strong>ntre todos os santos que não<br />

experimente em seu ser, um dia ou outro, a mesma coisa. Segundo os<br />

juízos da carne, Davi imaginava que havia sido ignorado e abandonado<br />

por Deus, enquanto que, pela fé, apreen<strong>de</strong> a graça <strong>de</strong> Deus, a qual se<br />

acha oculta aos olhos dos sentidos e da razão. E assim suce<strong>de</strong> que as<br />

afeições contrárias são misturadas e entrelaçadas com as orações dos<br />

fiéis. Os sentidos e a razão carnais não po<strong>de</strong>m fazer outra coisa senão<br />

formar <strong>de</strong> Deus a concepção <strong>de</strong> ser ele ou favorável ou hostil, segundo<br />

as atuais condições dos fatos como se lhes apresentam. Quando, pois,<br />

ele nos mantém sofrendo por muito tempo, como se quisesse nos consumir<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sgosto, inevitavelmente iremos sentir, segundo a sensação<br />

6 “Ce qu’il ne pouvoit faire si non en resistant vivement à la apprehension contrarie.” – v.f.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!