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Comentário de Salmos - Vol. 1

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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Introdução • 17<br />

fora explicado por outros comentaristas como prova <strong>de</strong> alguma doutrina<br />

importante, e o qual ele teria consi<strong>de</strong>rado pelo mesmo prisma, não fosse<br />

sua aversão em impor às Escrituras uma construção forçada, e sua rígida<br />

<strong>de</strong>terminação em a<strong>de</strong>rir aos princípios da justa e lógica interpretação.<br />

Por exemplo, as palavras do Salmo 2.7: “Ele me disse: Tu és meu Filho,<br />

eu, hoje, te gerei”, foram citadas por Agostinho e muitos outros eminentes<br />

doutores como prova da eterna geração do Filho <strong>de</strong> Deus. Mas como<br />

Paulo, em Atos 13.33, as explica como que recebendo seu cumprimento<br />

na ressurreição <strong>de</strong> Cristo, Calvino as <strong>de</strong>scarta da categoria <strong>de</strong> provas que<br />

apoiam a doutrina <strong>de</strong> uma geração eterna, embora ele <strong>de</strong>fenda a doutrina, 5<br />

e as consi<strong>de</strong>ra como a referir-se meramente à manifestação provinda da<br />

Filiação <strong>de</strong> Cristo através <strong>de</strong> sua ressurreição <strong>de</strong>ntre os mortos. Uma vez<br />

mais, o Salmo 8.5: “Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que<br />

Deus, e <strong>de</strong> glória e <strong>de</strong> honra o coroaste”, tem sido explicado com freqüência<br />

como expressão profética da humilhação temporária e subseqüente<br />

exaltação <strong>de</strong> Cristo, opinião esta apoiada por razões que longe estão <strong>de</strong><br />

ser <strong>de</strong>sprezíveis; mas Calvino, julgando pelo prisma do escopo da passagem,<br />

a consi<strong>de</strong>ra exclusivamente em referência ao homem, e enquanto<br />

Paulo a cita em Hebreus 2.7, e a aplica a Cristo, ele lha aplica apenas à<br />

guisa <strong>de</strong> acomodação. Da mesma forma, as palavras no Salmo 33.6: “Os<br />

céus por sua palavra se fizeram, e pelo sopro [espírito] <strong>de</strong> sua boca, o<br />

exército <strong>de</strong>les”, têm sido consi<strong>de</strong>radas por muitos judiciosos doutores<br />

como uma evidência da Trinda<strong>de</strong> – ‘Jehovah’, <strong>de</strong>notando o Pai; ‘a palavra<br />

<strong>de</strong> Jehovah’, o Filho; e ‘o sopro [espírito] da boca <strong>de</strong> Jehovah’, o Espírito<br />

Santo. Enquanto Calvino, porém, admite que a ‘palavra <strong>de</strong> Jehovah’ signi-<br />

5 Que Calvino <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u essa doutrina faz-se evi<strong>de</strong>nte à luz <strong>de</strong> seu comentário sobre Atos<br />

13.33, on<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> afirmar que as palavras do Salmo 2, acima citado, se referem à inequívoca<br />

evidência pela qual o Pai proveu que Cristo fosse seu Filho ao ressuscitá-lo dos mortos, observa<br />

ele: “Isso, contudo, não é uma objeção à doutrina <strong>de</strong> que Cristo, a Palavra pessoal, foi gerado pelo<br />

Pai eterno antes que houvesse tempo; mas essa geração é um mistério insondável.” Com respeito<br />

aos que argumentam, à luz <strong>de</strong>ssa passagem, em apoio <strong>de</strong>ssa doutrina, ele diz: “Sei que Agostinho,<br />

e a maioria dos comentaristas, se agradam mais com a sutil especulação <strong>de</strong> que ‘hoje’ <strong>de</strong>nota um<br />

ato contínuo ou um ato eterno. Mas quando o próprio Espírito <strong>de</strong> Deus é seu próprio intérprete,<br />

e explica pelos lábios <strong>de</strong> Paulo o que foi dito por Davi, não mais somos autorizados a inventar e a<br />

dar às palavras qualquer outro significado.”

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