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Curso_de_direito_do_trabalho(2)

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versão <strong>de</strong> H. L. Hart como alvo, quan<strong>do</strong> um alvo específico se fizer necessário” 150.<br />

Explica Dworkin:<br />

os <strong>do</strong>is conjuntos <strong>de</strong> padrões (princípios e regras) apontam para <strong>de</strong>cisões particulares acerca da obrigação jurídica em<br />

circunstâncias específicas, mas distinguem-se quanto à natureza da orientação que oferecem. As regras são aplicáveis à maneira <strong>do</strong><br />

tu<strong>do</strong>-nada. Da<strong>do</strong>s os fatos que uma regra estípula, então ou a regra é válida, e neste caso a resposta que ela oferece <strong>de</strong>ve ser<br />

aceita, ou não é válida, e neste caso em nada contribui para a <strong>de</strong>cisão 151.<br />

Ronald Dworkin reconheceu o mérito <strong>de</strong> Hart ao criar um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> regras sofistica<strong>do</strong>, mas<br />

criticava a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que os casos difíceis sempre seriam resolvi<strong>do</strong>s pelo po<strong>de</strong>r discricionário <strong>do</strong> juiz<br />

que, na ausência <strong>de</strong> uma regra para resolvê-los, criaria uma regra específica para o caso concreto.<br />

Quan<strong>do</strong> a regra não se aplicava ao caso concreto cedia lugar para a discricionarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> juiz e,<br />

consequentemente, abriam-se as portas à arbitrarieda<strong>de</strong>. O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> regras <strong>de</strong> Hart, portanto, não<br />

era <strong>de</strong>mocrático. Dworkin propôs uma análise valorativa <strong>do</strong>s conflitos, particularmente nos casos<br />

difíceis, com base na aplicação <strong>de</strong> princípios.<br />

Descreve o filósofo:<br />

Essa primeira diferença entre regras e princípios traz consigo uma outra. Os princípios possuem uma dimensão que as regras não<br />

têm – a dimensão <strong>do</strong> peso ou importância. Quan<strong>do</strong> os princípios se intercruzam (por exemplo, a política <strong>de</strong> proteção aos<br />

compra<strong>do</strong>res <strong>de</strong> automóveis se opõe aos princípios <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>do</strong> contrato), aquele que vai resolver o conflito tem <strong>de</strong> levar em<br />

conta a força relativa <strong>de</strong> cada um. Esta não po<strong>de</strong> ser, por certo, uma mensuração exata e o julgamento que <strong>de</strong>termina que um<br />

princípio ou uma política particular é mais importante que outra frequentemente será objeto <strong>de</strong> controvérsia. Não obstante, essa<br />

dimensão é uma parte integrante <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> um princípio, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que faz senti<strong>do</strong> perguntar que peso ele tem ou quão<br />

importante ele é 152.<br />

A regra nos impõe normas <strong>de</strong> conduta, estabelecen<strong>do</strong> padrões pre<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s. Os princípios nos<br />

propiciam critérios para tomar posições diante <strong>de</strong> situações a priori in<strong>de</strong>terminadas quan<strong>do</strong> estas<br />

vierem a se concretizar.<br />

Robert Alexy, no mesmo senti<strong>do</strong>, afirma que a regra prevê uma consequência jurídica <strong>de</strong>finitiva<br />

para cada situação, operan<strong>do</strong>-se pelo mecanismo da subsunção (a<strong>de</strong>quação da lei ao caso concreto).<br />

Já o princípio estabelece preceitos <strong>de</strong> otimização, <strong>de</strong> maneira mais ampla possível, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as<br />

possibilida<strong>de</strong>s jurídicas e <strong>de</strong> fato. Realizam-se em diversos graus, combinan<strong>do</strong> estes <strong>do</strong>is fatores,<br />

mediante a pon<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> interesses. O conflito <strong>de</strong> regras é soluciona<strong>do</strong> por hierarquia. Já o conflito<br />

<strong>de</strong> princípios é soluciona<strong>do</strong>, caso a caso, conforme a pon<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> interesses.<br />

El punto <strong>de</strong>cisivo para la distinción entre reglas e principios es que los principios son normas que or<strong>de</strong>nan que algo sea realiza<strong>do</strong><br />

en la mayor medida posible, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> las posibilida<strong>de</strong>s jurídicas e reales existentes. Por lo tanto, los principios son mandatos <strong>de</strong><br />

optimización, que están caracteriza<strong>do</strong>s por el hecho <strong>de</strong> que pue<strong>de</strong>n ser cumpli<strong>do</strong>s en diferente gra<strong>do</strong> y que la medida <strong>de</strong>bida <strong>de</strong> su<br />

cumplimiento no sólo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> las posibilida<strong>de</strong>s reales sino también <strong>de</strong> las jurídicas. El ámbito <strong>de</strong> las posibilida<strong>de</strong>s jurídicas es<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> por los principios e reglas opuestos. En cambio, las reglas son normas que sólo pue<strong>de</strong>n ser cumplidas o no. Si una<br />

regla es válida, entonces <strong>de</strong> hacerse exactamente lo que ella exige, ni más ni menos. Por lo tanto, las reglas contienen<br />

<strong>de</strong>terminaciones en el ámbito <strong>de</strong> lo fáctica y jurídicamente posible. Esto significa que la diferencia entre reglas e principios es<br />

cualitativa y no <strong>de</strong> gra<strong>do</strong>. Toda norma es o bien una regla o un principio 153.<br />

Humberto Ávila 154 traça um caminho diferente para distinguir regras <strong>de</strong> princípios. O autor

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