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Curso_de_direito_do_trabalho(2)

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15. Proibição <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> nas férias<br />

Durante as férias, o emprega<strong>do</strong> não po<strong>de</strong>rá prestar serviços a outro emprega<strong>do</strong>r, salvo se estiver<br />

obriga<strong>do</strong> a fazê-lo em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> contrato <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> regularmente manti<strong>do</strong> com aquele (art. 138 da<br />

CLT).<br />

A intenção <strong>do</strong> texto legal é evitar a fadiga <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> em seu perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso anual. A<br />

norma tem a dupla intenção <strong>de</strong> manter íntegra a saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r e <strong>de</strong> respeitar o contrato <strong>de</strong><br />

<strong>trabalho</strong>, pois o emprega<strong>do</strong>r tem o <strong>direito</strong> <strong>de</strong> ter um emprega<strong>do</strong> <strong>de</strong>scansa<strong>do</strong> já que o remunera em<br />

suas férias, inclusive com adicional <strong>de</strong> 1/3. Valentin Carrion vê na regra total ineficácia por falta <strong>de</strong><br />

sanção expressa, e “discutível constitucionalida<strong>de</strong> por ferir a liberda<strong>de</strong> da pessoa” 739.<br />

Não vemos qualquer inconstitucionalida<strong>de</strong> na proibição <strong>de</strong>ste artigo, muito pelo contrário. O<br />

exercício da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> profissão <strong>de</strong>ve ser interpreta<strong>do</strong> em compatibilida<strong>de</strong> com o contrato<br />

assumi<strong>do</strong> junto ao emprega<strong>do</strong>r; as férias não têm natureza jurídica <strong>de</strong> prêmio, é verda<strong>de</strong>, mas não<br />

po<strong>de</strong> o emprega<strong>do</strong> dispor <strong>de</strong> seu gozo em prejuízo <strong>do</strong> contrato que assumiu. A inação nas férias é, a<br />

meu ver, <strong>direito</strong> subjetivo <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r, objetivan<strong>do</strong> ter seu emprega<strong>do</strong> <strong>de</strong>scansa<strong>do</strong> e com<br />

condições <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> no retorno. O <strong>trabalho</strong> subordina<strong>do</strong> durante as férias, salvo a expressa<br />

exceção <strong>do</strong> art. 138, é passível <strong>de</strong> justa causa, por força <strong>do</strong> art. 482, h, da CLT. A proibição legal diz<br />

respeito à manutenção <strong>de</strong> outro contrato <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, razão por que não se esten<strong>de</strong> a serviços<br />

eventuais que não atrapalhem, em <strong>de</strong>masia, o <strong>de</strong>scanso <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>.<br />

No mesmo senti<strong>do</strong> em que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos são as lições <strong>de</strong> Orlan<strong>do</strong> Gomes e Elson Gottschalk 740<br />

quan<strong>do</strong> sustentam a natureza dúplice das férias. Explicam os autores que o emprega<strong>do</strong>r tem uma<br />

obrigação <strong>de</strong> fazer, que consiste na concessão das férias, e outra <strong>de</strong> dar, consistente no ato <strong>de</strong> pagar a<br />

remuneração <strong>de</strong>stas; o emprega<strong>do</strong> tem o <strong>direito</strong> <strong>de</strong> exigir a concessão das férias e a obrigação <strong>de</strong> se<br />

abster <strong>de</strong> trabalhar para terceiros durante o gozo das férias, para ter suas energias restauradas, apto,<br />

portanto, a uma justa expectativa <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r <strong>de</strong> melhor produção.<br />

Aryon Sayão Romita, em senti<strong>do</strong> contrário ao da <strong>do</strong>utrina majoritária, não vê nas férias qualquer<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recomposição da energia física <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> <strong>de</strong>corrente da fadiga pelo <strong>trabalho</strong>, “mas<br />

para lhe permitir fazer o que <strong>de</strong>sejar durante um perío<strong>do</strong> razoavelmente longo (trinta dias), sem<br />

perda <strong>de</strong> remuneração”. A obrigação <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r <strong>de</strong> remunerar as férias, na visão <strong>do</strong> autor,<br />

<strong>de</strong>riva <strong>de</strong> sua responsabilida<strong>de</strong> social. Chega o ilustre jurista carioca a afirmar que a finalida<strong>de</strong> das<br />

férias “está em propiciar ao emprega<strong>do</strong> a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se subtrair <strong>do</strong> ambiente <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, mas<br />

não para recuperar energias físicas e psíquicas em benefício da produção após o retorno, e sim para<br />

se <strong>de</strong>dicar ao <strong>de</strong>senvolvimento da ativida<strong>de</strong> que lhe aprouver, inclusive trabalhar se for o caso: a<br />

pretexto <strong>de</strong> proibir o <strong>trabalho</strong> ao emprega<strong>do</strong> em férias, o art. 138 da Consolidação das Leis <strong>do</strong><br />

Trabalho expressamente o autoriza, ao ressalvar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazê-lo ‘em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> contrato <strong>de</strong>

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