07.04.2017 Views

Curso_de_direito_do_trabalho(2)

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Não obstante o entendimento que vigora no âmbito previ<strong>de</strong>nciário, pensamos <strong>de</strong> maneira diferente.<br />

O § 2º, ora comenta<strong>do</strong>, menciona perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> repouso mediante atesta<strong>do</strong> médico; portanto, este<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> afastamento, <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m médica, não po<strong>de</strong> interferir nos 120 dias <strong>de</strong> licençamaternida<strong>de</strong>,<br />

que permanecem íntegros. O afastamento em virtu<strong>de</strong> da licença tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

proporcionar a integração da mulher com seu filho, e razões médicas não po<strong>de</strong>riam ser consi<strong>de</strong>radas<br />

como licença-maternida<strong>de</strong>.<br />

Os afastamentos recomenda<strong>do</strong>s pelo médico, a nosso ver, não mereciam ser trata<strong>do</strong>s como<br />

licença-maternida<strong>de</strong> prorrogada, mas sim como uma licença médica. Como estes afastamentos não<br />

ultrapassam 15 dias, a hipótese seria <strong>de</strong> interrupção <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>, sen<strong>do</strong> <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r a<br />

responsabilida<strong>de</strong> por este pagamento, sem qualquer ressarcimento ou compensação junto ao INSS<br />

(art. 59 da Lei n. 8.213/1991). Este não é, como vimos acima, o entendimento majoritário.<br />

14.7. Parto antecipa<strong>do</strong>: 120 dias <strong>de</strong> licença<br />

Em caso <strong>de</strong> parto antecipa<strong>do</strong>, o art. 392, § 3º, da CLT mantém o <strong>direito</strong> da gestante ao afastamento<br />

remunera<strong>do</strong> por 120 dias.<br />

O parto antecipa<strong>do</strong> seja por causas naturais, ou por razões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m médica, em nada modifica a<br />

finalida<strong>de</strong> da licença-maternida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter a mãe junto <strong>de</strong> seu filho nos primeiros meses <strong>de</strong> vida. O<br />

<strong>direito</strong> aos 120 dias <strong>de</strong> afastamento não é altera<strong>do</strong>, mas somente a previsão <strong>de</strong> nascimento <strong>do</strong> bebê.<br />

Portanto, o salário-maternida<strong>de</strong> será pago normalmente (art. 93, § 4º, <strong>do</strong> Regulamento da<br />

Previdência, aprova<strong>do</strong> pelo Decreto n. 3.048/1999).<br />

Diante da finalida<strong>de</strong> da licença, não concordamos com sua concessão na hipótese <strong>do</strong> natimorto.<br />

Neste caso e por equiparação à circunstância <strong>do</strong> aborto não criminoso (art. 395 da CLT), o<br />

afastamento da gestante, sem prejuízo <strong>do</strong> salário, será <strong>de</strong> somente 2 semanas.<br />

Este perío<strong>do</strong> se <strong>de</strong>stina à recuperação física e mental da saú<strong>de</strong> da mulher. Se no caso <strong>do</strong> aborto,<br />

on<strong>de</strong> a violência física e psíquica é tamanha, o legisla<strong>do</strong>r só prevê o afastamento por 2 semanas, não<br />

vemos como haja lugar para, casuisticamente, ser concedida licença <strong>de</strong> 120 dias na hipótese <strong>do</strong><br />

natimorto. Não po<strong>de</strong>mos nos afastar da finalida<strong>de</strong> da licença que se per<strong>de</strong>, com o nascimento sem<br />

vida.<br />

Sergio Pinto Martins, em senti<strong>do</strong> contrário ao que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos, enten<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>vida a licença no<br />

caso <strong>de</strong> natimorto, para fins <strong>de</strong> recuperação da saú<strong>de</strong> da empregada 972.<br />

Destaque-se que o próprio Regulamento da Previdência, Decreto n. 3.048/1999, não prevê<br />

pagamento <strong>de</strong> salário-maternida<strong>de</strong> na hipótese <strong>de</strong> natimorto, mas expressamente o prevê para o<br />

aborto não criminoso (art. 93, § 5º). O ato altruísta <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r a licença-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!