07.04.2017 Views

Curso_de_direito_do_trabalho(2)

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

forma proporcional. Isto porque as férias coletivas são constituídas e concedidas por mero interesse<br />

empresarial, justifican<strong>do</strong>-se, portanto, o ônus da empresa em suportar o pagamento àqueles que ainda<br />

não adquiriram o <strong>direito</strong> individualmente.<br />

A norma não esclarece como seriam calculadas tais férias proporcionais. Razoável, portanto, se<br />

utilizar, por analogia, o critério <strong>do</strong> art. 146, parágrafo único, que cuida <strong>do</strong> pagamento das férias<br />

proporcionais na extinção <strong>do</strong> contrato <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong>. Ou seja, as férias coletivas proporcionais <strong>do</strong><br />

emprega<strong>do</strong> que não conta com 12 meses no emprego será apurada “<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o art. 130, na<br />

proporção <strong>de</strong> 1/12 (um <strong>do</strong>ze avos) por mês <strong>de</strong> serviço ou fração superior a 14 (quatorze) dias”.<br />

Orlan<strong>do</strong> Gomes e Elson Gottschalk sintetizam com muita clareza as razões <strong>de</strong>ste dispostivo, in<br />

verbis:<br />

Do mesmo mo<strong>do</strong> que a lei prevê paralisação <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong>, parcial ou total, com percepção <strong>do</strong> salário até trinta dias, sem perda <strong>do</strong><br />

<strong>direito</strong> a férias (art. 133, III, da CLT), também na opção pelas férias coletivas como uso da empresa, está implícita e<br />

explicitamente entendida a conveniência <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r, <strong>de</strong>corren<strong>do</strong> daí o ônus econômico que possa resultar <strong>de</strong> tal ato [...].<br />

Assim, mesmo aqueles emprega<strong>do</strong>s que em face das férias individuais não fariam jus a trinta ou vinte e quatro dias, por exemplo,<br />

se a empresa opta pela a<strong>do</strong>ção das coletivas, em data <strong>de</strong> sua livre e conveniente escolha, <strong>de</strong>verão <strong>de</strong>sfrutar o mesmo número <strong>de</strong><br />

dias <strong>de</strong> férias fixa<strong>do</strong>s ao máximo pela lei, sem <strong>direito</strong> algum <strong>de</strong> exigir <strong>do</strong> feriante restituição, compensação ou exclusão, daqueles<br />

que só teriam <strong>direito</strong>, individualmente, às férias <strong>de</strong> <strong>do</strong>ze ou <strong>de</strong>zoito dias. [...] Esta conclusão resulta limpidamente <strong>do</strong> risco da<br />

ativida<strong>de</strong> econômica e da responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem o assume. [...]. Nem se faz mister <strong>de</strong>nominar-se tal situação <strong>de</strong><br />

disponibilida<strong>de</strong> remunerada, licença paga, ou qualquer outro título, pois se trata mesmo <strong>de</strong> férias coletivas” 752.<br />

Sergio Pinto Martins 753 <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o emprega<strong>do</strong> com menos <strong>de</strong> 12 meses <strong>de</strong> emprego gozará<br />

“férias coletivas proporcionais”, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a empresa convocá-lo para trabalhar após o término das<br />

férias proporcionais..<br />

No mesmo senti<strong>do</strong> Valentin Carrion 754, que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o gozo das férias coletivas proporcionais <strong>do</strong><br />

emprega<strong>do</strong> com menos <strong>de</strong> 12 meses <strong>de</strong> emprego, permitin<strong>do</strong> que o emprega<strong>do</strong>r convoque-o para<br />

trabalhar nos <strong>de</strong>mais dias. Caso o emprega<strong>do</strong>r não faça a convocação, o emprega<strong>do</strong> será consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

em licença remunerada).<br />

Francisco Antonio <strong>de</strong> Oliveira 755 também enten<strong>de</strong> que o emprega<strong>do</strong> com menos <strong>de</strong> 12 meses <strong>de</strong><br />

emprego, por ocasião das coletivas, gozará <strong>de</strong> férias proporcionais, mas não permite a compensação<br />

caso o emprega<strong>do</strong> goze <strong>de</strong> férias a maior.<br />

Amauri Mascaro Nascimento 756 igualmente sustenta que o emprega<strong>do</strong> não po<strong>de</strong> ser prejudica<strong>do</strong> e,<br />

portanto, sofrer <strong>de</strong>scontos ou compensações por ter goza<strong>do</strong> <strong>de</strong> mais dias <strong>de</strong> férias <strong>do</strong> que teria<br />

<strong>direito</strong>. Permite o autor que o emprega<strong>do</strong> fique à disposição <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r, mas, não sen<strong>do</strong> possível<br />

o <strong>trabalho</strong>, não será prejudica<strong>do</strong> no pagamento <strong>de</strong> seus salários.<br />

Em suma, o emprega<strong>do</strong> que não possui 12 meses <strong>de</strong> emprego gozará <strong>de</strong> férias proporcionais,<br />

observan<strong>do</strong>-se: a) o critério <strong>do</strong> art. 130 da CLT, por analogia; b) caso as férias coletivas sejam em<br />

maior número <strong>de</strong> dias que o <strong>direito</strong> <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>, este ficará à disposição <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>r; c) na

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!