07.04.2017 Views

Curso_de_direito_do_trabalho(2)

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

“férias anuais remuneradas”. A inovação da Constituição <strong>de</strong> 1988 tornou obrigatório o acréscimo <strong>de</strong><br />

1/3 sobre o salário das férias, mas não alterou a faculda<strong>de</strong> prevista no art. 143 da CLT, <strong>de</strong> converter<br />

1/3 <strong>de</strong>stas em pagamento ao trabalha<strong>do</strong>r.<br />

Atualmente, o <strong>direito</strong> ao repouso anual está previsto no art. 7º, XVII, da CF, que introduziu no<br />

pagamento das férias o adicional <strong>de</strong> 1/3 inci<strong>de</strong>nte sobre o valor <strong>do</strong> salário normal <strong>do</strong> momento <strong>de</strong><br />

gozo das férias.<br />

A gratificação (<strong>de</strong>nominação utilizada por alguns para <strong>de</strong>finir o terço constitucional) e o abono<br />

são institutos com a mesma finalida<strong>de</strong>, mas com naturezas jurídicas distintas. A finalida<strong>de</strong> comum é a<br />

<strong>de</strong> propiciar ao emprega<strong>do</strong> um ganho financeiro, proporcionan<strong>do</strong> melhor gozo das férias. O abono<br />

(art. 143 da CLT) tem a natureza <strong>de</strong> <strong>direito</strong> potestativo modificativo, condicionada à <strong>de</strong>claração <strong>de</strong><br />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu titular. Já a gratificação prevista no art. 7º, XVII, da CF trata-se <strong>de</strong> <strong>direito</strong><br />

irrenunciável e, portanto, obrigação <strong>de</strong> caráter cogente para o emprega<strong>do</strong>r 759.<br />

Rodrigues Pinto 760 se posiciona, <strong>de</strong> forma veemente, contrário ao instituto <strong>do</strong> abono, por enten<strong>de</strong>r<br />

que não se justifica a melhoria financeira <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> com verda<strong>de</strong>ira barganha <strong>de</strong> <strong>direito</strong> ao<br />

integral repouso semanal, particularmente após o art. 7º, XVII, da CF ter promovi<strong>do</strong> a melhoria <strong>do</strong><br />

valor da remuneração das férias.<br />

Adamovich 761 vai além e enten<strong>de</strong> que a norma <strong>do</strong> art. 143 se tornou incompatível com o<br />

dispositivo constitucional referi<strong>do</strong>. Po<strong>de</strong>r-se-ia até mesmo falar em <strong>de</strong>rrogação <strong>de</strong>ste dispositivo<br />

pelo art. 3º, 3, da Convenção n. 132 da OIT, que prevê o gozo <strong>de</strong>, no mínimo, três semanas <strong>de</strong> férias,<br />

já que, com o abono, o emprega<strong>do</strong> só gozaria 20 dias.<br />

Enten<strong>de</strong>mos, todavia, não obstante as opiniões acima expostas, que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dias ainda<br />

restantes, em número <strong>de</strong> 20, mesmo após a conversão <strong>de</strong> 1/3 das férias em pagamento, é suficiente ao<br />

repouso anual, sem prejuízo para o <strong>de</strong>scanso, socialização e recomposição das energias <strong>do</strong><br />

emprega<strong>do</strong>. Atualmente, a jurisprudência é totalmente pacífica quanto à compatibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />

institutos jurídicos, como bem menciona Godinho 762.<br />

17.3.2. Vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> e concessão <strong>do</strong> abono<br />

Em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> férias individuais, a concessão <strong>do</strong> abono está condicionada ao exercício da<br />

vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>, manifestada em até 15 dias antes <strong>do</strong> término <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> aquisitivo (art. 143, §<br />

1º, da CLT). Em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> férias coletivas, contu<strong>do</strong>, há restrição à autonomia individual <strong>do</strong><br />

emprega<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> condicionada sua concessão à assinatura <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> coletivo <strong>de</strong> <strong>trabalho</strong> (art. 143,<br />

§ 2º, da CLT).<br />

É pertinente a crítica da <strong>do</strong>utrina quanto ao prazo previsto no § 1º <strong>do</strong> art. 143 da CLT, que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!